O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já tomou a decisão de tirar de seu governo o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, após surgirem denúncias de assédio sexual contra mulheres, incluindo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Ministros do governo estão agora empenhados em persuadir Almeida a renunciar ao cargo ainda nesta sexta-feira, 6, na tentativa de conter a crise política. As informações são da repórter Vera Rosa, do Estadão.
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No Palácio do Planalto, a percepção é de que o governo está enfrentando desgaste público há 24 horas, desde que surgiram as acusações de assédio sexual contra o ministro dos Direitos Humanos, e é necessário tomar medidas rapidamente.
Almeida negou as acusações e afirmou estar sendo vítima de uma “perseguição implacável” por membros do próprio governo que querem sua saída.
Lula irá se reunir nesta tarde com Almeida e Anielle, mas já sinalizou o destino do ministro dos Direitos Humanos. “O que eu posso antecipar para você é o seguinte: alguém que pratica assédio não vai ficar no governo”, declarou o presidente durante entrevista à Rádio Difusora de Goiânia.
Embora Lula tenha ressaltado que o ministro tem o direito de apresentar sua defesa, a decisão já foi tomada. Um indício disso foi a foto publicada pela primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, no Instagram na noite de quinta-feira, 5, onde ela aparece beijando a testa de Anielle.
Segundo o Palácio do Planalto, a partir de agora, Almeida terá dez dias úteis para apresentar sua defesa à Comissão de Ética Pública. Nos bastidores, sua permanência é vista como insustentável, mas há temor de que ele saia criticando tanto o PT quanto o governo. Com as eleições municipais se aproximando, a oposição já está usando o caso para atacar Lula e o PT.
Nas redes sociais, até mesmo membros de partidos que possuem cargos no governo, como o PP, liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), agora afirmam que o governo, que se posiciona como defensor dos direitos humanos, mantém um acusado de assédio no Ministério dos Direitos Humanos.
Segundo apuração do Estadão, pelo menos quatro ministros – Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Vinícius Carvalho (Controladoria-Geral da União), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e Paulo Pimenta, que reassumirá a Secretaria de Comunicação da Presidência nos próximos dias, já haviam sido informados da acusação de assédio contra Anielle no ano passado.
Anielle quem relatou a situação a pessoas de sua confiança, e o caso chegou ao Planalto. Conforme relatos de dois amigos próximos da ministra, que é filiada ao PT, ela disse que Almeida tocou sua perna e fez comentários de teor erótico. A ministra foi procurada, mas não se manifestou.
Fontes próximas a Lula informaram ao Estadão que nenhuma medida havia sido tomada até o momento porque Anielle optou por não formalizar a denúncia, temendo prejudicar o governo.
Por conta dessa decisão, seus colegas também evitaram prosseguir com qualquer investigação para não expor Anielle, que é irmã de Marielle Franco, vereadora do PSOL assassinada em 2018.
A notícia foi divulgada pelo portal Metrópoles, que também revelou a existência de outras denúncias de assédio contra Silvio Almeida, recebidas pela ONG Me Too Brasil.
A organização optou por não divulgar os nomes das denunciantes, que haviam trabalhado com o ministro, justificando que essa medida era necessária para protegê-las. No entanto, a ONG afirmou que tinha o consentimento das vítimas para tornar o caso público.