O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou nesta segunda-feira que o governo adote medidas para interromper o transporte aéreo e fluvial que abastece o garimpo ilegal em áreas yanomami em Roraima, em meio a uma crise sanitária e humanitária que atinge os indígenas, em especial as crianças.
Lula se reuniu com os ministros Rui Costa (Casa Civil), Flávio Dino (Justiça), José Múcio (Defesa), Sônia Guajajara (Povos Originários), Silvio de Almeida (Direitos Humanos), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), além do comandante da Aeronáutica, Marcelo Damasceno, d presidenta da Funai, Joenia Wapichana, e o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Swedenberger Barbosa, para tratar de medidas de ajuda aos yanomami, segundo nota da Presidência da República.
"As iniciativas visam combater, o mais rápido possível, o garimpo ilegal e outras atividades criminosas na região impedindo o transporte aéreo e fluvial que abastece os grupos criminosos. As ações também visam impedir o acesso de pessoas não autorizadas pelo poder público à região buscando não apenas impedir atividades ilegais, mas também a disseminação de doenças", afirmou o Palácio do Planalto.
"Dar assistência nutricional e de saúde ao povo yanomami, com alimentos adequados aos seus hábitos, e garantir a segurança necessária para que equipes de saúde possam exercer suas atividades nas aldeias também estão entre as prioridades. Assim como garantir rapidamente o acesso a água potável por meio de poços artesianos ou cisternas e medir a contaminação por mercúrio dos rios e nas pessoas."
O Ministério da Saúde declarou neste mês estado de emergência de saúde pública no Território Yanomami, a maior reserva indígena do país, após relatos de crianças morrendo de desnutrição e outras doenças levadas pelo garimpo ilegal de ouro, atividade que usa mercúrio, que por sua vez contamina os rios usados pelos indígenas.
Lula visitou recentemente a Casa de Saúde Indígena Yanomami, em Boa Vista, e prometeu que o governo vai "civilizar" o tratamento aos povos indígenas, além de acabar com o garimpo ilegal.
O Território Yanomami é invadido por garimpeiros ilegais há décadas, mas as incursões se multiplicaram depois que o ex-presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo, em 2019, prometendo permitir a mineração em terras indígenas anteriormente protegidas e se oferecendo para legalizar o garimpo.