O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria chamado a ministra Anielle Franco, da pasta da Igualdade Racial, para confirmar a denúncia de assédio sexual contra Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos. A informação foi dada pela jornalista Andréia Sadi, da GloboNews e do g1. A partir da resposta dela, é que o destino de Almeida dentro do governo deve ser decidido.
Na quinta-feira, 5, o Metrópoles publicou que denúncias foram feitas à organização Me Too --que apoia vítimas de violência sexual-- contra o chefe do MDH. A ONG confirmou o caso e afirmou que as vítimas permitiram a divulgação, por terem enfrentado “dificuldades para obter apoio institucional para a validação de suas denúncias”, além de já terem recebido atendimento jurídico e psicológico.
Nesta sexta-feira, 6, interlocutores do governo disseram à colunista que Lula quer confirmar o caso com Anielle. “Se ela confirmar, a situação dele no governo é insustentável”, afirmou um deles. Ainda conforme a coluna, o presidente também pretende ouvir Almeida, e que o governo busca informações das outras denúncias relatadas na reportagem.
Aliados de Lula acreditam que o ideal seria o ministro se afastar, até que prove sua inocência, já que sua situação é grave dentro do governo, “porque arrasta o desgaste” para o chefe de Estado. Há também a preocupação por parte do Planalto de que Almeida “saia atirando” e não passivamente, nas palavras de um colega da Esplanada.
O blog ainda ouviu dois ministros que relataram que as histórias eram conhecidas desde o ano passado, nos bastidores, mas que isso não foi levado à Controladoria-Geral da União (CGU). Além disso, as autoridades também pontuaram que o caso deveria ser tratado como importunação sexual, já que há relação de hierarquia entre Anielle e Almeida.
O episódio é visto como uma tragédia dentro do governo, justamente por seu simbolismo, e é esperado, ainda segundo a colunista, que o caso seja explorado pela oposição.
PF investigará
A Polícia Federal vai abrir um inquérito para apurar as denúncias de assédio sexual contra o ministro. A informação foi confirmada à Globo News pelo diretor-geral da corporação, Andrei Passos Rodrigues. Segundo informou ao Em Ponto, a investigação será iniciada por “iniciativa própria”, pois a PF ainda não recebeu nenhuma representação.
De acordo com o Metrópoles, os supostos assédios teriam envolvido toque nas pernas, beijos inapropriados ao cumprimentá-la e “expressões chulas, com conteúdo sexual” direcionados pelo ministro a ela.
Silvio Almeida negou
Por meio de nota oficial, Silvio Almeida negou as acusações e afirmou que as denúncias não são baseadas em provas. Ele também explicou que encaminhará o caso para quem uma "apuração cuidadosa" seja feita.
“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. [...] Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro. [...] Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseados em mentiras, sem provas. Encaminharei ofícios para Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa do caso [...]”, escreveu.
Convocado para prestar esclarecimentos
Silvio Almeida também foi convocado, ainda na noite de quinta-feira para prestar esclarecimentos ao ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Vinicius de Carvalho, e ao advogado-geral da União, Jorge Messias.
Em nota ao Estadão, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República afirmou que o próprio ministro disse que irá encaminhar ofício à CGU e ao Ministério Público pedindo esclarecimento do caso. A Comissão de Ética da Presidência da República também decidiu abrir apuração.
"O governo federal reconhece a gravidade das denúncias. O caso está sendo tratado com o rigor e a celeridade que situações que envolvem possíveis violências contra as mulheres exigem", diz a nota.