O ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e da Cidadania, está sendo denunciado por assédio sexual. As denúncias foram confirmadas pela organização Me Too – que apoia vítimas de violência sexual – nesta quinta-feira, 5. Nesta mesma noite, o presidente Lula subiu no palco da abertura da 27ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo para discursar. Ele começou sua fala pedindo desculpas, mas pelo atraso do evento, e não fez nenhuma citação ao caso envolvendo seu ministro.
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Durante o discurso, Lula seguiu o script na maior parte do tempo. Leu sua fala preparada para o evento citando Ziraldo, o projeto de criar bibliotecas com 500 livros nos novos conjuntos habitacionais do ‘Minha Casa, Minha Vida’ e relembrou os livros que leu quando esteve preso.
Lula assumiu, ainda, não ler atualmente, devido à sua rotina. “Não tenho disposição de ler, de ver TV. Tenho disposição de tomar banho, comer algo e dormir para acordar inteiro no dia seguinte para resolver os problemas, que são muitos”, disse, ao explicar como são as noites de seus dias.
Apesar de no início de sua fala Lula ter citado que esse poderia ser um dos discursos mais breves que já fez e que explicaria o porquê no final, o presidente não retomou o assunto e não disse o motivo.
No final de sua fala, discorreu sobre questões gerais do Governo, desejou boa sorte à feira do livro e se despediu. Ele foi o último a falar na cerimônia, que encerrou por volta de 22h30.
Denúncias de assédio
A organização Me Too - que apoia vítimas de violência sexual - confirmou nesta quinta-feira, 5, que recebeu denúncias de assédio sexual contra ministro Sílvio Almeida. Em comunicado, o grupo afirmou que as vítimas permitiram a divulgação das denúncias e receberam atendimento jurídico e psicológico.
“A organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual, Me Too Brasil, confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos. Elas foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico”, escreveu em nota.
Ainda segundo a organização, as vítimas “enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional para a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa”.
A ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, teria relatado a integrantes do governo que foi assediada sexualmente por Silvio Almeida, chefe da pasta de Direitos Humanos. A informação é da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, e foi divulgada nesta quinta-feira, 5, após a organização Me Too confirmar ter recebido denúncias contra o ministro. Ele nega as acusações.
Bergamo conta que a coluna soube da situação e buscou por Anielle em junho. Porém, a ministra não confirmou nem negou o episódio na época. Ainda de acordo com a coluna, fontes informaram que a ministra não queria transformar o caso em um escândalo público.
Até que nesta quinta-feira o portal Metrópoles relatou o caso, afirmando ter conversado com 14 pessoas próximas de Anielle Franco – incluindo ministros, assessores de governo e amigos.
Nessas conversas foi compartilhado que os supostos episódios de assédio a Anielle incluiriam toques nas pernas, beijos inapropriados ao cumprimentá-la e, também, falas com conteúdo sexual. As situações teriam ocorrido no ano passado.
Até o momento, Anielle não se pronunciou. O Terra acionou a assessoria da ministra em busca de um posicionamento, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto.
Ministro nega
Por meio de nota oficial, Silvio Almeida negou as acusações e afirmou que as denúncias não têm provas. Ele também explicou que encaminhará o caso para que uma "apuração cuidadosa" seja feita.
“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. [...] Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro. [...] Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseados em mentiras, sem provas. Encaminharei ofícios para Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa do caso [...]”, escreveu.