Lula veta trecho sobre marco temporal, mas sanciona novas regras

O presidente tomou a decisão após se reunir com os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas)

20 out 2023 - 18h31
(atualizado às 18h53)
Anúncio foi feito pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha
Anúncio foi feito pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil / Perfil Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou trecho de um projeto de lei que estabelecia a promulgação da Constituição, em outubro de 1988, como marco temporal para demarcação de terras indígenas, nesta sexta-feira (20). O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Lula sancionou trechos da proposta que definem regras das demarcações, proposta aprovada pelo Congresso Nacional em setembro.

6 pontos importantes para entender a questão do marco temporal 6 pontos importantes para entender a questão do marco temporal

O presidente tomou a decisão após se reunir com os ministros Padilha, Jorge Messias(Advocacia-Geral da União) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas), na residência oficial do Palácio da Alvorada.

O prazo para sancionar a proposta terminava nesta sexta-feira.

Veto

O veto do presidente será analisado por deputados e senadores, que poderão manter ou derrubar a decisão de Lula. Caso os congressistas optem por derrubar o veto, o trecho barrado pelo presidente passa a valer.

O Ministério Público Federal (MPF) defendia o veto integral ao projeto. A nota, elaborada pela Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais (6CCR) do MPF, defende que a aplicação da tese do marco temporal não pode ser feita por meio de lei ordinária.

A 6CCR também alegava que a aplicação da tese restringe garantidos aos indígenas em cláusulas pétreas da Constituição e, por isso, não poderiam ser alterados nem mesmo por uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Análise

Câmara e Senado terão sessão conjunta para a análise de vetos na próxima terça-feira (24). O governo, mais uma vez, buscará acordo com a oposição para votar os vetos que trancam a pauta do Congresso em troca da análise de projetos que liberam créditos extraordinários ao Orçamento da União.

Entre os vetos que podem ser votados estão os feitos pelo presidente Lula no novo arcabouço fiscal. O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse não acreditar que os trechos vetados por Lula no projeto do marco temporal sejam analisados ainda este mês pelos parlamentares.

Na avaliação de Pacheco, os vetos de Lula ao marco temporal poderão ser discutidos em uma "sessão futura do Congresso Nacional". O senador disse, ainda, ter recebido sinalizações de lideranças do Senado de que poderão ser mantidos vetos de dispositivos que, para ele, "nem diziam muito respeito a marco temporal".

Apesar do veto de Lula ao trecho que define a data da promulgação da Constituição como marco temporal para a demarcação de terras indígenas, Rodrigo Pacheco avaliou que há uma "tendência" do Congresso em derrubar a decisão.

"O cerne da questão, que é o marco temporal em si, é um tema um pouco mais polêmico, porque é uma tendência do Congresso Nacional em acreditar que ele deve ser incluído no ordenamento jurídico e, aí, o veto será apreciado em sessão oportuna do Congresso Nacional", afirmou.

 

Marco temporal: o que é e por que ele representa risco de vida para os indígenas
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