A cantora Madonna, que irá se apresentar na Praia de Copacabana neste sábado, 4, para o último show da turnê "The Celebration Tour", é defensora dos direitos LGBTQIA+ e quase foi presa por discursar a favor da comunidade em 2012, na Rússia.
A rainha do pop, que deve reunir cerca de 1,5 milhão de pessoas em Copacabana, segundo estimativa da Prefeitura do Rio de Janeiro, também foi multada em 1 milhão de dólares por causa do discurso que fez no show.
Show na Rússia
Em agosto de 2012, a cantora se apresentou em São Petersburgo, na Rússia, durante a turnê MDNA. Em todos os seus shows, Madonna exalta a comunidade gay e LGBTQIA+, bem como a luta pelos seus direitos, o que não foi diferente naquela ocasião.
No entanto, em fevereiro daquele ano, São Petersburgo aprovou uma lei que proibia a propaganda LGBTQIA+, medida que se estendeu por toda a Rússia no ano seguinte. Meses antes do show, o deputado Vitali Milonov disse que a cantora seria multada em até 170 dólares caso ela fizesse "propaganda homossexual" em seu show.
"Se os organizadores infringirem essa lei, eles também serão punidos”, afirmou o deputado à agência de notícias Interfax.
Mesmo com personalidades e fãs pedindo que a cantora cancelasse o show na cidade para sua própria proteção, Madonna não só se apresentou como também prestou apoio à comunidade LGBTQIA+.
"Queremos lutar pelo direito de sermos livres, de sermos quem nós somos. É um tempo muito estranho. Tenho viajado pelo mundo e sinto isso no ar. Pessoas estão ficando mais e mais amedrontadas com aqueles que são diferentes. E estão ficando mais intolerantes, mas nós temos o poder para mudar isso. Não precisamos usar a violência, mas o amor", discursou ela.
Ameaças e multa
Em um evento em prol dos direitos humanos, realizado pela Anistia Internacional, em 2014, Madonna revelou que recebeu ameaças de morte e de prisão por "promover o comportamento gay" naquela ocasião na Rússia.
"Recebi ameaças de morte, e certamente meu número de seguranças teve que dobrar. Primeiro enquanto estávamos em São Petersburgo; meu show foi atacado e criticado pelo regime por ser um ‘show gay’ e por promover a homossexualidade", contou.
De acordo com a cantora, as ameaças não deram em nada. "Todas as pessoas trabalhando e performando no meu show, incluindo eu mesma, estávamos correndo risco de sermos presos por encorajar um 'comportamento gay' no show, o que eu tenho que dizer não influenciou em nada, já que não mudei um segundo da apresentação. E não fui presa", revelou ela.
No evento, ela também contou que recebeu uma multa de 1 milhão de dólares (cerca de R$ 5 milhões) por causa do discurso durante o show em São Petersburgo.
Em 2020, Madonna voltou a relembrar o discurso nas redes sociais: "Fiz este discurso em um show em São Petersburgo há 8 anos. Fui multada em 1 milhão de dólares pelo governo por apoiar a comunidade gay. Eu nunca paguei", escreveu ela.
I made this speech at a concert in St. Petersburg 8 years ago. I was fined 1 million dollars by The government for supporting the Gay community.
I never paid.................... #freedomofspeech #powertothepeople #mdna https://t.co/6wH53V4aUn pic.twitter.com/LGhV5gUerc
— Madonna (@Madonna) July 20, 2020
Lei anti-LGBT
Em 2013, a Rússia aprovou a Lei anti-LGBT, também conhecida como Lei anti-gay, que tinha como objetivo oficial proteger as crianças de informações que promoviam qualquer tipo de expressão LGBTQIA+. Desde então, a lei foi ampliada para atender todas as faixas etárias.
Dessa forma, qualquer ação, comportamento ou estilo de vida que seja uma tentativa de promover a comunidade LGBTQIA+, seja em público, online, em filmes, livros ou publicidade, pode ser multado.
A multa é de até 400.000 rublos (cerca de R$ 21 mil) para pessoas físicas e de até 5 milhões de rublos para pessoas jurídicas (cerca de R$ 273 mil). Estrangeiros podem ficar 15 dias prisão ou serem expulsos do país.