A mãe de Vitor Augusto Marcos de Oliveira, jovem de 25 anos que morreu no dia 5, em São Paulo, por ter atendimento negado em hospitais devido a falta de equipamentos para pacientes obesos, denunciou que foi colocado ‘lixo’ no caixão do filho para nivelar o corpo.
Em um vídeo compartilhado pela família nas redes sociais, pouco antes do sepultamento do rapaz, a mãe dele, Andreia Marcos da Silva, mostra o caixão do jovem e afirma que havia pó de serra, caixotes de madeira e folhas de jornal dentro da estrutura.
Nas imagens, ela questiona a situação. "Eu não tinha descoberto essa fraude. R$ 7,1 mil [dinheiro pago pelo funeral]. Brincaram de novo com o peso do meu filho. Mais uma vez, gordofobia. Isso é grave. Meu filho estava em cima do lixo", lamentou Andreia, aos prantos. Veja o vídeo abaixo:
A pauta sobre gordofobia é urgente, a mãe perde o filho pq dois hospitais negaram atendimento por ele ser gordo, e na hora de enterrar a funerária enche de lixo o caixão?
O q essa mulher preta e gorda tá passando é combo de gordofobia + racismo, e ninguém faz nada ⬇️ pic.twitter.com/DnDplzxIBC
— Atleta de peso (@AtletaPeso) January 11, 2023
O jovem morreu dentro de uma ambulância em frente ao Hospital Geral de Taipas, na Zona Norte de SP. Na data, a família relatou que ele faleceu após tentar vaga em seis unidades de saúde e não conseguir atendimento devido a falta de maca para obesos.
A família chegou a fazer uma trasmissão ao vivo no dia, e no vídeo Andreia implorava, desesperada e chorando, que o filho fosse atendido. As imagens repercutiram nas redes sociais e causaram indignação.
Aos gritos, Andreia Marcos da Silva implorou por socorro para o filho dela, um jovem de 25 anos que morreu dentro de uma ambulância no Hospital Geral de Taipas por falta de uma maca para obesos.
As cenas doem na alma. pic.twitter.com/rCQfRBtGtG
— Márcio Nakashima Oficial (@MarcioNakashima) January 6, 2023
Em nota enviada ao Terra, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que todas as circunstâncias relativas ao caso são investigadas por meio de inquérito policial instaurado pelo 74º Distrito Policial (Parada Taipas).
Segundo a SSP, a equipe da unidade aguarda o comparecimento da mãe da vítima, que foi chamada para prestar depoimento, bem como de representantes dos hospitais onde o jovem compareceu.
"Até o momento, a delegacia não recebeu formalmente as imagens referentes à urna funerária da vítima, no entanto, os vídeos já estão sob análise. Exames periciais foram solicitados, e estão em fase de elaboração, e serão analisados pela autoridade policial tão logo forem concluídos. As diligências estão em andamento para esclarecer os fatos", acrescentou a Secretaria de Segurança Pública.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) também informou ao Terra que instaurou um inquérito civil contra as secretarias municipal e estadual da Saúde de SP para apurar as circunstâncias da morte de Vitor.
Funerária e Cooperaf
Sobre o caixão de Vitor, por meio de nota, a Funerária Trianon afirmou que foi contratada apenas para realizar o translado (transporte) do corpo de Vitor. O transporte consistia em levar o corpo do IML Central a clínica de tanatopraxia para realizar o embalsamamento e a ornamentação, posteriormente retirar o corpo da clinica e levar ao cemitério de Franco da Rocha.
"Esclarecemos que o embalsamamento e a ornamentação do corpo de Vitor é de inteira responsabilidade da Clinica de Tanatopraxia Cooperaf - Cooperativa de Trabalho dos Agentes Funerários de São Paulo. Informamos ainda, que nossa empresa tomou conhecimentos dos fatos após o corpo ter sido transferido para um outro caixão, sem a presença de qualquer um dos nossos coloboradores. Por fim, esclarecemos que a Funerária Trianon, fica à disposição das autoridades para os esclarecimentos necessários e aproveita a oportunidade para renovar o compromisso com nossos clientes e parceiros na prestação de nossos serviços", afirmou.
O Terra tentou contato com a Cooperaf por meio do telefone e das redes sociais, mas não obteve nenhum retorno até a última atualização desta reportagem.