Uma mãe denuncia que o filho de três anos foi vítima de racismo em uma escola municipal em Itaquera (SP), ao professoras o escolherem para usar uma máscara de macaco, mesmo a criança já tendo ido fantasiada de palhaço para o evento que teria na unidade de ensino. O caso ocorreu na última sexta-feira (27).
Segundo a mãe relatou nas redes sociais, a criança estuda no Centro Educacional Infantil (CEI) Monte Carmelo II e há uma semana foi realizada a festa de aniversariantes do mês na unidade, cujo tema era circo.
"Estávamos ansiosos [...]. Recebi o bilhete sugerindo o envio das crianças com fantasia, máscaras ou pinturas faciais do tema", relatou na web.
A mulher então comprou para o filho uma calça, gravata, escolheu uma camisa que combinasse e o menino foi fantasiado de palhaço. "Tinha nariz de palhaço, as bochechas e até os olhinhos pintados. Minha sogra, que mora na praia, enviou também itens para a caracterização do nosso palhacinho", escreveu a mãe.
De acordo com ela, o menino estava super animado e feliz com a fantasia. Ela, inclusive, fez registros dele todo sorridente antes dele entrar na escola neste dia e postou as fotos em sua rede social, comemorando a felicidade do filho em estar caracterizado de palhaço para o evento.
Porém, depois a mãe foi surpreendida ao receber o link de uma publicação da escola em que o filho estava usando máscara de macaco. "No sábado minha sogra me enviou um link do Instagram da escola e me perguntou se era ele no vídeo, pois mesmo que ele estava caracterizado de palhacinho, ainda sim, com apenas 3 anos, foi escolhido e vestido por uma máscara de macaco, para atuar em uma apresentação musical na frente de todos os amiguinhos da escola", lamentou a mãe.
A mãe ainda destacou que ver o vídeo foi muito dolorido para ela e que agora espera que haja justiça pelo ocorrido. "Me doeu como mulher preta, mas me dói o dobro como mãe de um filho preto. Como explicar para todas as crianças da escola que viram meu filho com a máscara de macaco e ouviram o trecho da música: 'você virou, você virou um macaco', que era uma atração e não a realidade?. Como explicar após a apresentação que eles não podem chamar o amiguinho preto de macaco?", questionou.
A mulher ainda afirmou que é difícil pensar até quando pessoas pretas serão escolhidas "equivocadamente" - como justificou a escola a ela - para representar um macaco. Ela conta que a escola inicialmente apagou os comentários contrários ao vídeo e a bloqueou, e, por fim, desativou a página da unidade de ensino. "Saber que ninguém o protegeu daquele momento me dói mais ainda. Até quando?", escreveu.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), informa que o caso será apurado e a Diretoria Regional de Educação (DRE) notificará a Organização da Sociedade Civil (OSC) responsável pela unidade para esclarecimentos, sob risco de penalização, conforme legislação. A DRE afirma que está à disposição da responsável pela criança.