Aos 43 anos, Adriana Lacerda mostra a força feminina em uma posição de destaque - e historicamente masculina - na Azul Linhas Aéreas. A carioca é gerente geral de Manutenção de Aeronaves e Logística, responsável por coordenar a equipe que realiza reparos necessários nas aeronaves entre um voo e outro.
Ela entende a responsabilidade de estar à frente de uma equipe composta por cerca de 1.500 pessoas e confessa que não era um objetivo de carreira. "É um baita peso e nunca foi minha intenção", disse Adriana.
Em entrevista para o Terra NÓS, a mãe do pequeno Pedro, de 1 ano e 4 meses, afirmou que, apesar de não ter feito carreira em manutenção, foram suas experiências em alta performance e produtividade que possibilitaram que chegasse ao cargo que ocupa atualmente.
"Esse não era um caminho óbvio para mim. Eu não estava buscando, mas topei. E foi um desafio enorme".
Fora do Comum
Adriana explica que considera natural que os homens ocupem mais cargos na aviação do que as mulheres, já que é um setor que deriva do militarismo. "Além disso, é uma carreira longa, a pessoa estuda muito, precisa se dedicar. Com isso, também é natural que a pessoa seja um pouco mais velha ao ocupar esse cargo".
"Eu cheguei nessa posição abaixo da idade, sendo mulher. Nada disso é tão comum", completou.
A gerente confessa que está vivendo o seu melhor momento profissionalmente. "É claro que surgem questionamentos como: 'de onde vem essa menina?'. Imagino que tenham tido olhares curiosos como em qualquer profissão onde a gente é minoria".
Questionada se já passou por alguma situação constrangedora ou se já foi criticada por ser mulher no cargo, ela garante que não enfrenta esse tipo de obstáculo. "Nunca ouvi uma brincadeira. Nunca estive em uma situação constrangedora", explica.
"Fui muito bem recebida. Todo mundo queria ver uma nova ideia. As pessoas queriam novas formas de conduzir as coisas, novas propostas e foi isso que eu fui mostrando", completou.
Outras mulheres
Há três anos como gerente de Manutenção e Logística, a executiva formada em Engenharia de Produção sabe o quanto sua posição inspira outras mulheres. "Nas palestras que participo, estimulo as meninas a conhecerem a profissão, a se especializarem e a acreditarem mais nelas".
"As esposas dos mecânicos e do pessoal do almoxarifado me ligam, questionando como eu comecei. Querem saber o que precisam fazer, quais os primeiros passos. Para mim, não tem reconhecimento maior", garante.