Mais de 90% das pessoas em situação de rua em Salvador são negras

Levantamento foi divulgado pela prefeitura da capital baiana durante lançamento de pacote com ações assistencialistas voltadas para a população em vulnerabilidade

10 jan 2024 - 15h31
(atualizado às 15h40)
A imagem mostra um homem entrevistando pessoas em situação de rua.
A imagem mostra um homem entrevistando pessoas em situação de rua.
Foto: Alma Preta

A Prefeitura de Salvador divulgou os resultados do Censo das Pessoas em Situação de Rua. Das 5.130 pessoas nessa condição na capital baiana, 77% são homens, e 93% são negras, conforme apontam os dados fruto da parceria entre a Prefeitura e o Projeto Axé, com cooperação técnica da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Movimento População de Rua (MNPR) e a Rede Cata Bahia.

O prefeito Bruno Reis afirmou que o censo foi realizado em 2023, em toda a cidade e as ilhas, a fim de fornecer um diagnóstico preciso para embasar a formulação de políticas públicas eficazes para enfrentar o problema.

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Dos 5.130 recenseados, 3.949 são homens, 975 mulheres, 103 identificam-se com gênero dissidente (pessoas trans ou travestis), enquanto 103 optaram por não responder. A autodeclaração como indígena foi feita por 33 pessoas, e 15 se identificaram como amarelos.

Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) participaram do evento e apontaram diversos motivos que levam as pessoas a estarem em situação de rua. Entre eles, a busca por sustento lidera com 28,3%, seguida pelos maus tratos na família (26%), uso de substâncias psicoativas (10,3%), ficar desabrigado (9,1%), morte de algum familiar (3,6%), e outros.

Segundo os pesquisadores da UFBA, é um grande desafio para os poderes públicos diminuir a pobreza e ajudar a reduzir o número de pessoas em situação de rua. 

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Programa Vida Nova

Na mesma ocasião em que os dados do Censo foram divulgados, a Prefeitura de Salvador lançou o programa Vida Nova, um pacote com 25 ações integradas de assistência social voltadas para a população em situação de vulnerabilidade. 

Segundo representantes da capital baiana, cerca de R$ 200 milhões serão investidos nessa área, sendo o maior projeto de assistência já lançado pelo o município.

O programa prevê a contratação de 11 Unidades de Acolhimento Residencial Transitório, que devem gerar 385 vagas para o cuidado integral e acompanhamento psicossocial de pessoas em situação de rua com uso abusivo de substâncias psicoativas. 

Outras ações incluem o aumento do Aluguel Social para R$ 400 por mês, o lançamento do Kit Casa com três salários mínimos para as pessoas mobiliar suas residências, e um Auxílio Alimentação de R$ 200 mensais. Mães em vulnerabilidade social receberão um Kit Enxoval com itens para os bebês.

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Ainda de acordo com a gestão municipal, além do acolhimento, o programa deve ajudar na inserção no mercado de trabalho. Cursos profissionalizantes serão oferecidos em parceria com instituições como Senac e Senai Cimatec. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec) ajudará a intermediar mão de obra, e a Secretaria Municipal de Educação (Smed) garantirá matrícula na Educação de Jovens e Adultos (EJA) para quem ainda não completou os estudos.

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