As investigações sobre o homem que ataca mulheres na zona leste de São Paulo e ficou conhecido como "maníaco do carro" envolvem o monitoramento dos familiares do suspeito, identificado pela polícia como Solirano de Araújo Sousa, buscas em três bairros diferentes e também pesquisas em hospitais e necrotérios. O suspeito se tornou um dos mais procurados pela polícia de São Paulo nos últimos dias.
De acordo com Ricardo Salvatore, delegado titular do 57.º Distrito Policial (DP), na Mooca, o último contato do suspeito com a família aconteceu no dia 17 de setembro, última terça-feira. A partir da interceptação da ligação, os investigadores acreditam que o suspeito estava no Jardim Elba, também na zona leste.
A família do suspeito vive em São Paulo. Ele é natural do Piauí, mas o único contato que ele tinha no Estado era o do pai, já falecido, de acordo com os policiais.
Foi exatamente no dia 17 que ele realizou uma operação bancária e foi visto pela última vez em público - sua imagem foi captada pelas câmeras de segurança de uma loja de conveniência. Nas imagens, o suspeito aparece com o pé esquerdo enfaixado e usando muletas para se locomover.
Salvatore garante que ele não fez mais contatos com os familiares. "As buscas continuam. Também estamos percorrendo hospitais e necrotérios para verificar algum óbito."
Conhecido como 'maníaco do carro' ou 'maníaco do Uno', o suspeito agia sempre da mesma forma. Ele ficava perto do seu veículo, um Fiat Uno, à espera das vítimas em ruas da Mooca, zona leste. Em seguida, com o uso de uma faca ou chave de fenda, ele tentava agarrar as vítimas e levá-las para dentro do seu veículo.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), seis casos, com um total de sete vítimas, foram notificados até o momento. Os casos estão sendo investigados como constrangimento ilegal e tentativa de roubo. Todas conseguiram escapar.
"As mulheres têm um grande poder de memorização, de detalhes. Quando viram as fotos, separadamente e lado a lado, elas não tiveram dúvidas e apontaram o mesmo autor", diz o delegado.
Em contato com o Estadão, uma das vítimas relatou mudanças em sua rotina após o ataque. Ela evita sair de casa sozinha e confessou o uso de calmantes para dormir. "Eu estava de costas e ele chegou por trás, puxou meu braço e falou: 'entra no carro'", relata ao Estadão a jovem, que registrou boletim de ocorrência de ataque na Rua Manoel Onha, na Vila Oratório.
As buscas da polícia se dividem em três bairros diferentes da zona leste - os investigadores preferem ocultar detalhes para não prejudicar as investigações. Até as autoridades do Piauí foram avisadas sobre as buscas ao "maníaco do carro".
Na tarde de quarta-feira, 18, o veículo do suspeito foi localizado e apreendido a uma distância de 15 quilômetros do local dos ataques - uma leve batida do lado direito do para-choque traseiro foi importante para a identificação do veículo. No interior do carro, os investigadores encontraram uma faca, descrita por algumas vítimas, além de uma chave de fenda, que provavelmente era utilizada para retirar as placas do veículo.
Na quinta-feira, 19, a Justiça decretou a prisão temporária dele a pedido da delegacia que investiga o caso e do Ministério Público de São Paulo (MP).