A exposição indígena 'Nhe' ẽ Se' reunirá obras de 12 artistas indígenas de diferentes regiões do Brasil na Caixa Cultural Salvador, em Salvador/BA, de 28 de maio a 04 de agosto de 2024.
A exposição indígena Nhe´ ẽ Se, que acontecerá de 28 de maio a 04 de agosto na Caixa Cultural Salvador, irá reunir obras de 12 artistas indígenas de diferentes regiões do Brasil. Uma das obras é o Manto Assojaba Tupinambá, da artista Glicéria Tupinambá.
Conhecida por resgatar as técnicas ancestrais de confecção dos mantos de seu povo, Glicéria é a única artista que domina o método de realização dos mantos, que exigem de 3.500 a 5.000 penas de guará e de araras coloridas para a criação da peça.
As penas são costuradas em malha de pesca com cordão encerado, simbolizando a conexão entre passado e presente. O manto foi destaque na abertura do pavilhão brasileiro da Bienal de Veneza deste ano.
Para os tupinambás, que foram os primeiros a ter contato com os colonizadores, o manto representa a memória e o ativismo social e político pelos direitos das mulheres indígenas, além do resgate da tradição desse povo.
Artistas indígenas
Ao lado de Glicéria, outros 11 artistas indígenas irão expor as suas obras, são eles: Aislan Pankararu, Ajú Paraguassu, Arissana Pataxó, Auá Mendes, Davi Marworno, Déba Tacana, Edgar Kanaykõ Xakriaba, Paulo Desana, Tamikuã Txihi, Xadalu Tupã Jekupé e Yacunã Tuxá.
A exposição tem a curadoria de Sandra Benites, da etnia Guarani-Nhandeva (MS), que é pesquisadora e doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da UFRJ, e se tornou a primeira curadora indígena a integrar a equipe de um museu no Brasil.
Segundo Sandra, "reunir trabalhos de artistas indígenas de várias partes do país, de contextos e geografias díspares, cada um com sua linguagem e singularidade" é o que dá força à exposição.
Vera Nunes, pesquisadora na área de gênero, raça e interseccionalidades, também é curadora do projeto. Ela é uma das principais mulheres na liderança de projetos artísticos de grande escala no Brasil. Para Vera, é importante a Bahia receber a mostra, uma vez que o estado é um "genuíno território indígena".
"É o reencontro afetivo dos baianos com a sua ancestralidade, o resgate da memória-território. O que estamos fazendo é movimentar essa memória, pois ela depende desse movimento. E despertar a memória, reativá-la, é fundamental para a construção do futuro", explica ela.
Nhe´ ẽ Se
Nhe´ ẽ Se é uma expressão da língua guarani que, na língua portuguesa, significa o desejo de fala, a expressão do espírito e o diálogo como cura. E nesse desejo, presente na exposição, contém outro: o de mostrar a força política e a beleza conceitual das culturas indígenas.
Desse modo, a exposição chama a atenção do público para a importância que os indígenas têm no futuro do planeta. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, falou sobre a relevância política da mostra: "É com muita felicidade que eu vejo que estamos ocupando espaços com a nossa arte".
Os materiais usados nas obras foram encontrados nos próprios territórios dos artistas indígenas, reforçando o objetivo da mostra de fazer o público mergulhar no universo indígena. A exposição terá audiodescrição e vídeos legendados todos os dias.
Serviço:
Exposição coletiva de arte indígena: Nhe´ ẽ Se
Local: CAIXA Cultural Salvador
Endereço: R. Carlos Gomes, 57 – Centro
Abertura: 28 de maio de 2024, às 19h
Temporada: de 28 de maio a 04 de agosto de 2024
Visitação: de terça a domingo, das 9h às 17h30
Entrada: gratuita
Classificação indicativa: livre para todos os públicos
Informações: @CAIXACULTURALSALVADOR | www.caixacultural.gov.br
Realização: Via Press
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal - Brasil União e Reconstrução