A a ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PC do B) publicou em seu perfil no Instagram ameaças feitas a ela, seus familiares e aliados políticos. "Vaca, Filha da p*ta, desejo a morte da b*c*ta pequena da sua filha aquela gostozona e esquartejar o Lula, e matar sua mãe, sua quenga, vagabunda, sua vadia, vou te estupra", dizia a mensagam.
A filha de Manuela, Laura Leindecker, tem seis anos e já foi ameaçada e agredida diversas vezes. Em junho deste ano, no Twitter, Manuela relatou que o pai de uma colega de escola de Laura estuda tirou uma foto da criança e enviou para grupos que disseminam ódio nas redes sociais.
Em 2015, quando grávida de Laura, Manuela foi alvo de uma fake news do Movimento Brasil Livre, o MBL, de que teria comprado seu enxoval em Miami (EUA). "Quando Laura tinha 45 dias foi agredida fisicamente porque a agressora acreditou na fake news do enxoval nos Estados Unidos e também na ideia de que uma mulher como eu não poderia ter roupas para sua filha porque na Coreia não era assim", publicou a ex-parlamentar em março deste ano nas redes sociais, relembrando a situação.
Segundo um levantamento da plataforma "Tretaqui" que colheu denúncias de violência política nas eleições de 2018 e 2020, "homens cis foram os que mais atacaram, sendo responsáveis por 83% das denúncias que atacavam. Já as mulheres foram as que mais receberam ataques e denúncias de violência política. As candidatas receberam 71% dos ataques, sendo 65% mulheres cis e 6% de mulheres trans".
O relatório 2020-2021 de Violência Política Contra a Mulher aponta que a violência política de gênero é um problema que se estende sobre estruturas políticas de diversos países, sendo uma realidade internacional, onde 82% de mulheres parlamentares já sofreram algum tipo de violência psicológica, 44% relatam já ter recebido ameaças de morte, estupro, espancamento e sequestro, enquanto outros 26% já chegaram a ser vítimas de violência física na própria entidade parlamentar da qual faziam.
O Obervatório de Violência Política Contra Mulher traz ainda dados do Instituto Alziras, que apontam que 53% das mulheres eleitas para o exercício de cargos no executivo municipal no Brasil já sofreram algum tipo de violência, como o assédio: 30% já enfrentaram assédio ou violências simbólicas, 22% não receberam apoio do partido ou da base aliada, e 23% já tiveram falas ou o trabalho desmerecido.
Ao longo dos últimos anos, muitos casos de violência política de gênero ganharam as manchetes como a vereadorda de Niterói Benny Briolly que precisou deixar o país depois de ameaças de morte ou a deputada estadual Isa Penna (PC do B) que foi apalpada pelo deputado Fernando Cury em plena sessão da ALESP.