Uma missão do Senado brasileiro na Organização das Nações Unidas (ONU), liderada pela senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), tenta enviar à Ucrânia um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) com suprimentos, insumos médicos, água e comida, além de retornar ao País com cidadãos brasileiros e refugiados da guerra.
A parlamentar fala com exclusividade ao blog Vencer Limites sobre a operação. "Tenho conversado diariamente com cidadãos ucranianos, que fazem relatos sobre a situação em meio à guerra. Alguns querem deixar o país", diz Gabrilli.
Entre essas pessoas está Victoria Stasiv, prinicipal responsável pelo resgate de 40 idosos com deficiência que ficaram sozinhos em uma casa de acolhimento. Ela mora em Lviv, cidade sob forte bombardeio desde semana passada, e busca maneiras de escapar dos ataques russos.
"Tropas russas invadem as casas das pessoas e as matam. O mesmo acontece com quem está de carro. Fugi para num subsolo por causa do ataque aéreo. A situação piora a cada dia. Pensamos em ir para a Alemanha porque a Polônia já está superlotada", contou Victoria nesta quarta-feira, 16, em relato exclusivo ao blog Vencer Limites.
Mara Gabrilli viajou para Genebra, na Suiça, no começo deste mês, onde participa, até o dia 25, das reuniões presenciais do Comitê da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Ela continua comparecendo remotamente às sessões e votações do Senado.
A senadora foi eleita para o Comitê em 2018, para um mandato de 2019 a 2023. As reuniões são semestrais, com 20 dias de duração. A ONU banca a passagem e a estadia durante o encontro. Não há custo para o integrante nem para o País.
A missão oficial do Senado na ONU acompanha as tratativas do Brasil sobre direitos humanos na Ucrânia durante a guerra. Gabrilli mantém conversas com a Missão Permanente do Brasil na ONU em Genebra, com o governo federal, por meio dos ministérios da Saúde e das Realações Exteriores, com voluntários brasileiros na Ucrânia, entidades internacionais do terceiro setor, empresários, parceiros médicos e fornecedores no Brasil.
Mara Gabrilli está em contato com representantes do Frente Brazuca, um grupo de voluntários que ajuda brasileiros e ucranianos. "Esse grupo apresentou lista com 26 insumos hospitalares, além de água e comida, que precisam chegar aos feridos em um hospital da Ucrânia, na região da fronteira com a Polônia". afirma a senadora.
Gabrilli também conversou pessoalmente com Rachel Levitan, vice-presidente da HIAS International (Hebrew Immigrant Aid Society), organização sem fins lucrativos que fornece ajuda humanitária e assistência a refugiados. "Essa entidade vai atuar para a garantir chegada do avião da FAB à Ucrânia e a distribuição correta dos insumos", diz a parlamentar brasileira.
A senadora tenta ainda se reunir com integrante da ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), da Handicap International (ONG que trabalha com refugiados com deficiência) e da International Disability Alliance (IDA).
"Falei com o embaixador brasileiro na missão permanente do Brasil na ONU Genebra, Tovar da Silva Nunes. Ele se colocou à disposição para conseguir o avião da FAB", relata Gabrilli. "O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ofereceu os serviços da assessoria internacional da pasta", comentou a senadora.
O corpo diplomático brasileiro informou que o avião só pode ser liberado quando estiver carregado de insumos, por isso, Gabrilli pediu ajuda à bancada feminina do Senado, a diversos senadores, inclusive o presidente Rodrigo Pacheco, também para Jorge Solla, coordenador-geral de cooperação humanitária da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério da Relações Exteriores, além de médicos e empresários.
"Algumas empresas já demonstraram interesse em doar, mas o entrave neste momento está na questão da nota fiscal. Estou trabalhando em uma proposta legislativa para conseguir isenção fiscal para essas doações. Nossa expectativa é avançar nas tratativas durante os próximos dias e reunir a quantidade de insumos necessária para que o avião brasileiro possa decolar à Ucrânia, levando suprimentos e retornando ao Brasil com vítimas da guerra", completou Mara Gabrili.