Marco temporal: Joenia Wapichana pede soluções 'sem retrocesso aos direitos dos indígenas'

Joenia Wapichana é a primeira mulher undígena advogada no Brasil e presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai)

5 ago 2024 - 17h26
(atualizado às 17h42)
Joenia Wapichana
Joenia Wapichana
Foto: Lohana Chaves/Ascom Funai

A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, pediu que a comissão conciliatória do Supremo Tribunal Federal busque soluções e caminhos que evitem retrocessos aos direitos dos povos indígenas.

"Os povos indígenas precisam ser considerados. Reafirmamos que, neste momento, tenhamos a oportunidade de trazer soluções e propostas que não venham trazer retrocessos a direitos fundamentais postos na Constituição. Os povos indígenas precisam da garantia do Estado brasileiro de que venham a continuar sendo povos indígenas com a garantia de cláusulas pétreas, sem negar ou inviabilizar a existência de povos indígenas", disse Wapichana, em fala inicial na primeira audiência de conciliação do Supremo Tribunal Federal, que busca um acordo sobre o marco temporal para a demarcação de terras indígenas.

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Wapichana voltou a defender que o lado mais frágil no debate são os povos indígenas. "Os povos indígenas enfrentaram anos de violência e superaram o momento de assimilação dos povos. Os povos indígenas são cidadãos detentores de direitos, inclusive sobre projetos em suas próprias terras, seja de agricultura ou de extrativismo, mas que cada povo tenha sua concepção de projeto respeitada", reafirmou. Wapichana disse que a Funai busca diálogo no processo de demarcação das terras indígenas.

A comissão especial de conciliação foi proposta pelo ministro Gilmar Mendes, relator de cinco ações que tratam da constitucionalidade da Lei do Marco Temporal (Lei 14.701/2023), que estabelece o marco temporal para a demarcação de terras indígenas. A lei aprovada no ano passado prevê que serão passíveis de demarcação apenas áreas em que estiverem ocupadas pelos povos indígenas na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.

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