Mateus Solano após 10 anos do 1º beijo gay da Globo: "Comunidade LGBT precisa ser naturalizada"

Ator relembrou beijo entre os personagens Félix e Niko e exibido no último capítulo de "Amor à Vida", em 31 de janeiro de 2014

31 jan 2024 - 11h24
(atualizado às 11h25)
"Excluir casais LGBTs nas novelas não só é hipócrita, mas também extremamente empobrecedor", disse Mateus Solano
"Excluir casais LGBTs nas novelas não só é hipócrita, mas também extremamente empobrecedor", disse Mateus Solano
Foto: Reprodução: Instagram/mateusolanooficial

O ator Mateus Solano relembrou o primeiro beijo gay em uma novela da Globo, em "Amor à Vida", entre seu personagem, Félix, e Niko, interpretado por Thiago Fragoso. A cena, que foi ao ar há dez anos, em 31 de janeiro de 2014, é considerada um marco para a comunidade LGBTQIA+.

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"O impacto foi gigante. Não só na minha vida, mas também na de muita gente que assistiu e que ainda hoje vem emocionada me dar um abraço e agradecer pelo que o personagem conseguiu suscitar de discussão ou de resolução em situações de intolerância dentro da família", disse à Quem.

Mateus Solano e Thiago Fragoso gravaram diversas versões do beijo exibido no último capítulo da novela. No entanto, a cena escolhida foi um beijo apelidado de "Tarcísio Meira e Glória Menezes", dupla de atores em que eles se inspiraram para transmitir paixão no beijo.

Segundo o ator, ele não precisou de um preparamento especial para viver um personagem gay e vilão que passa por um processo de descobrimento da sexualidade. "Não acredito que ninguém precise se preparar exatamente para isso. Fui atrás das nuances da personalidade de Félix, como alguém a quem faltou carinho, atenção e compreensão. Daí também nasce o ódio à irmã, sempre bajulada e preferida e nasce também seu ódio à sociedade que não o aceita como é", explicou.

Progresso

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Em 19 de janeiro deste ano, foi exibido o primeiro casamento gay em uma novela da Globo, entre os personagens Kelvin (Diego Martins) e Ramiro (Amaury Lorenzo), de "Terra e Paixão". Diante desse progresso, Mateus comentou sobre o avanço da representatividade LGBTQIA+ na televisão.

"Creio que a história avança em soluços, aos trancos e barrancos. O ser humano sempre teve muito medo da mudança e do que é diferente. Se por um lado as tradições são fundamentais para a construção do indivíduo e da sociedade, por outro lado, é justamente a derrubada de certos muros e a expansão desses limites que permite a nossa evolução enquanto espécie. Mas é assustador como o amor entre duas pessoas pode ser, ainda hoje, aos olhos de muitos, uma coisa subversiva no mau sentido", disse à Quem.

O ator relembrou como os personagens Félix e Niko foram recebidos pelo público. "A resposta foi absolutamente positiva e vimos muita gente preconceituosa pedindo para que os dois terminassem juntos, apesar desses preconceitos", contou.

Segundo Mateus Solano, a representatividade LGBTQIA+ nas novelas é muito importante e necessária. "As novelas pretendem espelhar e são um lugar histórico de discussão da sociedade brasileira. Excluir casais LGBTs nas novelas não só é hipócrita, mas também extremamente empobrecedor", afirmou.

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"Representatividade é visibilidade e a comunidade LGBT só pode ser aceita pela sociedade se não for invisibilizada, da mesma forma que discutimos e naturalizamos tantas coisas nas novelas, a comunidade LGBT também precisa ser naturalizada", disse ele.

Beijo

Em agosto do ano passado, o ator Thiago Fragoso contou que a intenção do beijo era "dar voz a quem nunca tinha tido voz" e exibir na televisão o que as pessoas já queriam ver há muito tempo.

Thiago ainda disse que esse trabalho “foi extremamente especial” para ele. “Muito legal, porque foi uma abordagem do meu lado que eu procurei trazer o coração. Eu sempre tive o desejo de fazer um personagem nesse campo homoafetivo porque eu queria trazer um lado coração e não um comentário de maneirismos ou de comportamento. Mas, sim, trazer um tratado sobre caráter, independente da sua vida sexual”, contou no programa “Otalab”, de Otaviano Costa.

Fonte: Redação Nós
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