MC Tha reivindica espaço: "Não existe música brasileira sem música afro"

Novo EP da cantora, 'Meu Santo É Forte', homenageia Alcione e combate intolerância religiosa

31 ago 2022 - 05h00
(atualizado às 09h55)
MC Tha, cantora e compositora
MC Tha, cantora e compositora
Foto: @mcthaa

Mulher, artista, negra. E com a missão de chamar a atenção para a crescente intolerância da qual as religiões de matriz africana são alvo. A cantora e compositora MC Tha leva neste sábado, 3, o show de 'Meu Santo É Forte', seu novo EP, para a Casa Natura, em São Paulo, uma espécie de protesto que é também uma homenagem a Alcione.

"Ela tem uma obra linda, ainda está viva e precisa ser celebrada. Esse EP também é um presente à comunidade religiosa que me acolheu tanto", destaca a artista, em entrevista ao Terra.

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O EP tem cinco faixas de músicas conhecidas na voz da sambista, que completou 50 anos de carreira no último mês de junho. O projeto dialoga com o programa fictício 'Clima Quente Show', lançado no YouTube como uma forma de garantir videoclipe a todas as faixas do seu novo projeto.

A ideia é usar a criatividade para envolver os fãs, em um programa ambientado nos anos 1970. Além de cantar todas as faixas de 'Meu Santo É Forte', MC Tha ainda critica a falta de espaço para artistas negros na grande mídia.

"Não existe música brasileira sem música afro. Temos pouco espaço devido às escolhas do próprio mercado. O Brasil é diverso, mas quando ligamos a TV sempre vemos os mesmos rostos. Não é uma crítica aos artistas, mas só tem aquelas pessoas fazendo música? O mercado elege duas pessoas para representar e o resto tem que lutar na música independente", provoca. 

MC Tha, cantora e compositora
Foto: @mcthaa

Intolerância religiosa

O EP 'Meu Santo É Forte' é lançado com o objetivo de reforçar o lugar de MC Tha na música, mas também de chamar a atenção para a intolerância religiosa. Segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, foram recebidas 586 denúncias de intolerância religiosa em 2021, 141% a mais que no ano anterior, quando foram registradas 243 denúncias. 

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"Estamos vivendo num Brasil muito difícil, principalmente por causa do atual governo. Nos últimos anos os casos de intolerância religiosa subiram. Acredito que trazendo essas referências afro-brasileiras conseguimos conscientizar as pessoas, mostrar que a música brasileira é feita por elementos racializados", defende a MC.

MC Tha aproveitará os meses restantes de 2022 para focar na divulgação de 'Meu Santo É Forte', mas revela que já trabalha em seu segundo álbum de estúdio. Apesar de não ter previsão de lançamento, a cantora garante que será marcante.

"Vou trazer novas facetas artísticas para que minha obra permaneça e seja lembrada", afirma.

*Com edição de Estela Marques.

Fonte: Redação Terra
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