Milhares de médicos juniores indianos se recusaram nesta segunda-feira, 19, a encerrar os protestos contra o estupro e o assassinato de uma colega médica, interrompendo serviços hospitalares quase uma semana após lançarem ação nacional exigindo mais segurança no local de trabalho e uma investigação criminal rápida.
Médicos de todo o país realizaram protestos e se recusaram a atender pacientes não emergenciais após o assassinato, em 9 de agosto, da médica de 31 anos, que, segundo a polícia, foi estuprada e assassinada em um hospital na cidade de Calcutá, no leste do país, onde era estagiária.
Um voluntário da polícia foi preso e acusado do crime. Mulheres ativistas afirmam que o incidente destacou como as mulheres na Índia continuam a sofrer violência sexual, apesar das leis mais rígidas introduzidas após o estupro coletivo e assassinato, em 2012, de uma estudante de 23 anos em um ônibus em movimento em Nova Délhi.
O governo pediu aos médicos que retornem ao trabalho enquanto cria um comitê para sugerir medidas para melhorar a proteção dos profissionais de saúde.
"Nossa paralisação indefinida e nossa manifestação continuarão até que nossas reivindicações sejam atendidas", disse o Dr. Aniket Mahata, porta-voz dos médicos juniores em protesto no R.G. Kar Medical College and Hospital, onde ocorreu o incidente.
Em solidariedade aos médicos, milhares de torcedores dos dois maiores clubes de futebol do Estado de Bengala Ocidental marcharam pelas ruas de Calcutá na noite de domingo com gritos de "Queremos justiça".
Grupos que representam médicos juniores no estado vizinho de Odisha, na capital Nova Délhi e no estado ocidental de Gujarat também disseram que seus protestos continuarão.
Gita Gopinath, vice-diretora administrativa do Fundo Monetário Internacional, disse ao jornal indiano Business Standard que a segurança no local de trabalho era importante para aumentar a taxa de participação feminina na força de trabalho do país, equivalente a 37% no ano fiscal de 2022-23.
"Não é possível aumentar essa taxa (participação feminina) sem garantir a segurança no local de trabalho e a segurança das mulheres ao chegarem ao local de trabalho. Isso é absolutamente fundamental", disse Gopinath na entrevista publicada nesta segunda-feira.