Mendy, Robinho e Giggs: relembre casos de jogadores envolvidos em violência ou agressão sexual

Episódios recentes no futebol foram levados à Justiça, como o do lateral francês, que teve início do julgamento na quarta-feira e pode ser condenado à prisão perpétua

11 ago 2022 - 05h11
(atualizado às 09h38)

Campeão mundial pela França na Copa de 2018, o lateral-esquerdo Benjamin Mendy, que não atua desde 2021 pelo Manchester City, compareceu ao tribunal na quarta-feira, onde será julgado por oito casos de estupro, uma tentativa de estupro e uma agressão sexual. Todo o processo deve se estender por mais de três meses em Chester, no noroeste da Inglaterra.

Mendy, de 28 anos, é acusado por sete mulheres e nega os fatos que teriam supostamente ocorridos entre outubro de 2018 e agosto de 2021, em sua casa em Prestbury, em Cheshire. Caso condenado, o jogador poderá pegar de 19 anos de detenção até prisão perpétua.

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Benjamin Mendy poderá pegar de 19 anos de detenção até prisão perpétua
Benjamin Mendy poderá pegar de 19 anos de detenção até prisão perpétua
Foto: Reuters

Esse não é o primeiro caso de jogadores de futebol envolvidos em julgamentos de violência e abuso sexual. Entre condenações, audiências na Justiça e absolvições, o Estadão relembra alguns dos principais casos que vieram à tona nos últimos anos.

Robinho

Um dos casos mais repercutidos nos últimos tempos é o do atacante Robinho, ex-Santos, Real Madrid, Milan e Atlético-MG. O jogador foi condenado a nove anos de prisão pela Justiça italiana, por crime de violência sexual em grupo - estupro. Além de Robinho, que então defendia o Milan, outros cinco brasileiros foram denunciados por terem participado do ato, um deles também foi condenado e quatro estão foragidos.

O caso aconteceu em Milão, na boate Sio Cafe, durante a madrugada de 22 de janeiro de 2013. A vítima, uma mulher albanesa, comemorava seu aniversário de 23 anos. Durante o julgamento, o atleta admitiu ter praticado relações sexuais com a vítima, mas negou a prática de violência sexual.

Em 2020, trechos de conversas interceptadas pela polícia foram divulgadas ao público, onde Robinho e os amigos riem da situação: "Estou rindo porque não estou nem aí. A mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu", afirmou o jogador. Nesse mesmo ano, o atacante chegou a ser anunciado como jogador do Santos, mas manifestações contrárias da torcida nas redes sociais fizeram com que a diretoria, com a suspensão do vínculo contratual.

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Com a condenação confirmada, a justiça italiana poderá pedir a extradição do atacante. A Constituição Federal brasileira, porém, veta a extradição de brasileiros natos. Outra alternativa seria um pedido para que Robinho cumpra a pena de prisão em território brasileiro.

Ryan Giggs

O caso mais recente, do ex-jogador Ryan Giggs, do País de Gales, levou à lenda do Manchester United renunciar ao cargo de treinador da seleção de seu país, poucos meses antes da Copa do Mundo do Catar. Em julgamento, iniciado nesta semana, o galês é acusado de atos de violência física e psicológica contra sua ex-mulher, Kate Greville, causando lesões corporais.

Giggs foi detido em novembro de 2020 após uma discussão violenta com sua ex-namorada Kate Greville. Colocado em prisão domiciliar, também é acusado de agredir a irmã de sua ex, Emma Gerville. Durante uma audiência preliminar em abril de 2021, ele negou as acusações e se declarou inocente.

Segundo o jornal "The Guardian", Giggs teria expulsado Kate nua de um quarto de hotel em Dubai depois que ela desconfiou de mensagens que o ex-jogador teria enviado a outra mulher. Em seu depoimento, Kate denunciou episódios de um comportamento controlador e abusivo de Giggs no relacionamento entre os dois. Caso condenado, o galês poderá pegar até cinco anos de prisão.

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Nico Schulz

Em outro caso recente, o lateral esquerdo do Borussia Dortmund, Nico Schulz, é investigado por possível agressão a ex-namorada Maria Pletz, quando a moça estava no nono mês da gravidez. Ele teria chutado a barriga da companheira em agosto de 2020. A ex-namorada teria abafado o caso na época por "estar apaixonada", mas revelou que o relacionamento era abusivo e que Schulz "vivia gritando e brigando" com ela.

A dinamarquesa fez as acusações e mostrou ameaças feitas pelo jogador no WhatsApp, no qual ele teria dito que a criança "não devia ter nascido" e que ela também "não merecia estar viva". Outra ex-namorada também teria divulgado fotos com marcas de agressão feitas pelo atleta.

A imprensa alemã afirma que o lateral teria coagido a ex-namorada com agentes, que ofereceram dinheiro regularmente e que ainda fez um pedido de desculpas para não ter a carreira prejudicada. Caso seja declarado culpado, Schulz pode pegar até 10 anos de prisão.

O Borussia Dortmund ainda mantém o vínculo com o atleta. Em nota oficial, o clube afirmou não compactuar com qualquer ato de violência, mas não fará julgamento precipitado do jogador.

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Jean

Ex-goleiro do São Paulo, Jean foi detido em 2019, acusado de violência doméstica pela sua mulher, Milena Bemfica na cidade de Orlando, na Flórida. Na ocasião, ela publicou diversos vídeos em suas redes sociais onde aparece com hematomas e feridas. O casal estava de férias nos Estados Unidos. No quarto do hotel onde se hospedavam, Jean teria discutido com a mulher, arremessando-a sobre a cama e desferido três socos em sua face.

O São Paulo decidiu, ainda no mesmo ano, pela rescisão do contrato do atleta, após a prisão preventiva decretada nos Estados Unidos. O clube queria o rompimento por justa causa, pelo goleiro ferir a imagem e os valores do clube. Ele tinha vínculo até 2022 com o São Paulo.

Cuca

Recém contratado pelo Atlético-MG como treinador, Cuca se envolveu em polêmica nos anos 1980. Em caso ocorrido em 1987, em Berna, Suíça, o então jogador do Grêmio foi detido com os também atletas Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi, sob a acusação de manterem "atos sexuais com pessoas dependentes" com uma menina de 13 anos. Os jovens permaneceram em cárcere por 30 dias. Cuca nega qualquer participação. Ele acabou condenado a 15 meses de prisão e ao pagamento de US$ 8 mil.

Mason Greenwood

Revelação do futebol inglês, Mason Greenwood foi preso em janeiro de 2022 acusado de agressão física e violência sexual por sua então namorada. À época, Harriet Robson publicou um vídeo nas redes sociais para denunciar o jogador do Manchester United. Ela aparece com a boca ensanguentada e hematomas pelo corpo.

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Em um áudio, também divulgado por Harriet naquela oportunidade, Greenwood estaria discutindo com a modelo enquanto tenta forçá-la a fazer sexo. Enquanto a influenciadora diz que não quer praticar o ato, é possível ouvir ameaças como: "Abra suas pernas. Cale a boca. Eu não me importo se você quer fazer sexo comigo. Me empurre mais uma vez e você vai ver o que acontece."

Atualmente, Greenwood está liberado sob fiança e aguarda o julgamento. Ele está suspenso pelo Manchester United desde o momento da sua prisão.

Cristiano Ronaldo

Cristiano Ronaldo cobra na Justiça uma indenização de US$ 626 mil (R$ 3,2 milhões) após a retirada de uma acusação de estupro contra ele. O caso teria ocorrido em 2009, em Las Vegas. A modelo Katheryn Mayorga trouxe o caso à tona em 2018, cobrando do craque português a quantia de 64 milhões de euros (R$ 335 milhões).

No último mês de junho, o caso foi arquivado, de acordo com o canal britânico Sky News, depois do advogado da modelo ter utilizado documentos confidenciais na defesa.

O caso demorou a se tornar público por conta de um suposto acordo concretizado entre as partes. A modelo ficaria em silêncio pela quantia de 375 mil dólares (cerca de R$ 2 milhões), mas ela decidiu anular o documento assinado e pedir a indenização milionária.

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