Menores de 14 anos descobrem gravidez após estupro quando gestação está avançada, diz ONG

Segundo Rebeca Mendes, diretora do Projeto Vivas, os abusos geralmente acontecem em casa, e a gestação demora a ser identificada

20 jun 2024 - 18h51
(atualizado em 21/6/2024 às 00h09)
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Meninas menores de 14 anos que engravidam após estupro geralmente só descobrem a gestação quando ultrapassa o período de 22 semanas. A revelação foi feita por Rebeca Mendes, diretora do Projeto Vivas, que ajuda meninas e mulheres a chegarem nos serviços de aborto legal e seguro no Brasil e no exterior, durante a sua participação no Terra Agora, nesta quinta-feira, 20. 

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"As meninas menores de 14 anos já chegam com mais de 22 semanas porque, muitas vezes, elas são violentadas dentro do ambiente familiar. E essa gestação só é descoberta quando aquele corpo infantil começa a aparentar um corpo gravídico. E quando ela chega num posto de saúde, ela é [erroneamente] encaminhada para um pré-natal. Quando ela consegue furar a bolha da desinformação e chega no hospital para solicitar um aborto legal, ela é impedida por conta do tempo gestacional. Muitos serviços aqui no País atendem apenas casos de até 22 semanas", disse. 

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Rebeca Mendes e Cazé Pecini durante o Terra Agora desta quinta-feira, 20
Rebeca Mendes e Cazé Pecini durante o Terra Agora desta quinta-feira, 20
Foto: Divulgação/Terra Agora

Rebeca relata que as mulheres adultas têm mais facilidade para descobrir a gestação, após um abuso sexual. No entanto, os desafios para conseguir ter o direito a um aborto legal e seguro são parecidos. 

"Há essa morosidade, essa demora em cuidar dessa mulher. Existe a necessidade de idas e vindas até que o procedimento seja aprovado e, muitas vezes, isso demora mais de um mês. E demora tanto que elas acabam chegando até a  22ª semana [de gestação]", explicou. 

Ao ser questionada pelo apresentador Cazé Pecini sobre o que ela diria para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que colocou em pauta a votação do PL que tenta limitar o aborto legal em casos de estupro no Brasil, a jovem respondeu:

"Eu convidaria ele para trabalhar no Projeto Vivas, para ele encarar essas meninas diariamente e negar para elas o direito ao aborto. Para ele, deve ser muito fácil virar para uma menina de 9, 10, 11 anos e falar assim: 'Você aguenta um pouquinho mais, gera, entrega para a adoção', como se fosse fácil", finalizou.  

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Fonte: Redação Terra
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