Se dentro de campo a Argentina brilhou ao ganhar a Copa América contra a Colômbia, fora do gramado os jogadores foram alvos de uma enxurrada de críticas após entoarem cantos racistas. Contrariando a série de cobranças feitas inclusive pelo então subsecretário de esportes, Julio Garro, o presidente Javier Milei condenou a pressão por um pedido de desculpas: "Nenhum governo pode dizer o que comentar", disse.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
O caso aconteceu pouco depois do time de Lionel Messi levar o título de campeão pela Copa América. Na segunda-feira, 15, o jogador Enzo Fernández abriu uma transmissão ao vivo nas redes sociais e revoltou muitos internautas ao mostrar membros da seleção cantando músicas de cunho racista e transfóbico.
"Eles jogam pela França, mas são de Angola. Que bom que eles vão correr, se relacionam com transexuais. A mãe deles é nigeriana, o pai deles cambojano, mas no passaporte: francês", dizia a letra.
O momento ganhou repercussão nas redes sociais e a Federação Francesa de Futebol se manifestou. A entidade apresentou uma queixa por racismo à Fifa. Vale lembrar que não é a primeira vez que o cântico é alvo de polêmicas. Em 2022, quando a Argentina foi campeã da Copa do Mundo após vencer a França, os versos também foram entoados.
Em resposta, a Fifa publicou uma nota em que afirma abrir uma investigação para apurar a live de Enzo Fernández. "A Fifa condena com veemência qualquer forma de discriminação, por parte de qualquer pessoa, incluindo jogadores, torcedores e dirigentes", destacou o comunicado.
Quem também se pronunciou sobre o assunto foi o então subsecretário de Esportes da Argentina, Julio Garro. O funcionário do governo chegou a afirmar que Messi e os demais jogadores da seleção deveriam se retratar publicamente.
Milei saiu em defesa da seleção
O posicionamento não pegou bem entre os líderes do governo. Na quarta-feira, 17, o presidente Javier Miei anunciou a demissão de Garro e afirmou que ninguém pode dizer o que a seleção argentina deve fazer.
"A Presidência informa que nenhum governo pode dizer o que comentar, o que pensar ou o que fazer à Seleção Argentina, Campeã Mundial e Bicampeã Americana, ou a qualquer outro cidadão. Por isso, Julio Garro deixa de ser Subsecretário de Esportes da Nação", escreveu o gabinete presidencial em uma rede social.
Antes mesmo da publicação, a imprensa argentina considera que Milei já dava sinais de que iria demitir o subsecretário. Em seu perfil no X (antigo Twitter), o presidente republicou críticas à Garro. "Dizer que Messi tem que pedir desculpas a uns europeus colonizadores por uma canção que fala a verdade é ir totalmente contra a ideologia", dizia o post.
A postura de Milei está alinhada com a da vice-presidente Victoria Villarruel. Nas redes sociais, ela chegou a chamar os críticos de "hipócritas". "Nenhum país colonialista vai nos intimidar por uma canção de campo ou por dizermos verdades que não querem admitir. Parem de fingir indignação, hipócritas", escreveu.
Mesmo com a defesa de líderes do governo, o jogador Enzo Fernández foi às redes sociais para pedir desculpas. Em retratação, o atleta afirmou que o cântico não representa o que ele acredita e que se deixou levar pelo momento de euforia.