"Não posso negar que há, sim, uma certa frustração", afirmou, em entrevista à Globo News, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, em relação ao presidente Lula e ao governo federal.
A fala era relativa à inércia do presidante diante da discussão da medida provisória que propõe retirar do ministério poderes importantes como a demarcação de terras, que iria para o Ministério da Justiça.
"Até porque o presidente Lula se comprometeu durante a campanha. Prometeu ministério, cumpriu. Esse ano se posicionou fortemente com esse protagonismo dos povos indígenas e a retomada da demarcação dos territórios. Sei que a bancada ruralista está muito articulada. Acho que o presidente Lula poderia ter entrado um pouquinho mais para impedir essa retirada do Ministério dos Povos Indígenas", afirmou a ministra durante a entrevista.
Sônia apontou ainda machimo e racismo nas decisões da comissão mista que vem debatendo a medida provisória, tendo em vista que os ministérios mais impactados com perda de poderes seria o dela e o da ministra Marina Silva, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Quando eleito, Lula estabeleceu a configuração dos ministérios, no entanto é preciso da aprovação do Congresso e do Senado para que a estrutura seja mantida. A comissão mista que apresentou um texto do deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL) foi o primeiro passo para definição de configuração dos ministérios.
Dentre as mudanças propostas no texto da comissão está, além da retirada da demarcação de terras indígenas do ministério liderado por Guajajara, a retirada do controle sobre a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), que sairia da pasta de Marina Silva para ficar sob comando do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional.