Entidades ligadas ao movimento negro fizeram, no início da noite desta quinta-feira (3), um ato pedindo o fim da Operação Escudo da polícia paulista. A operação já resultou em, ao menos, 16 mortes no litoral do estado. A manifestação, que também contou com a participação de parlamentares, ocorreu em frente ao prédio da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo, no Largo São Francisco, região central da capital paulista.
“A gente precisa acabar imediatamente com a Operação Escudo, que é uma operação de vingança contra as comunidades daquele território. Os moradores estão absolutamente assustados, aterrorizados”, disse Elaine Mineiro, ou Elaine do Quilombo Periférico, vereadora de São Paulo pelo PSol.
Nessa quarta-feira (2), ela participou de uma comitiva que esteve onde ocorreram as mortes e conversou com moradores. “O que a gente ouviu lá é que os homens estão com medo de voltar para casa. Pedem para as suas esposas para irem buscar na porta do trabalho, porque o alvo preferencial são homens, quase sempre negros e jovens” ressaltou.
No último dia 27, o soldado da Polícia Militar Patrick Bastos Reis, pertencente ao batalhão de Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), foi baleado e morto em Guarujá. Segundo a SSP, ele foi atingido quando fazia patrulhamento em uma comunidade. A secretaria informou que ele foi atingido por um disparo de calibre 9 milímetros (mm). Após o assassinato do policial, o estado deu início, na Baixada Santista, à Operação Escudo, com, ao menos, 16 civis mortos até o momento.
“A gente pede aqui em frente à Secretaria de Segurança Pública que se encerre esse cenário de insegurança, que a população possa parar de ter medo, e que seja apurado o que aconteceu na Baixada. Que as vítimas possam ser identificadas, colocadas a público e que o Ministério Público investigue o que aconteceu nessa operação”, disse Simone Nascimento, do Movimento Negro Unificado.
Os manifestantes exibiram cartazes com críticas a ação da polícia, como “Não é operação, é chacina”, “Não é guerra às drogas, é guerra aos pobres”, e “Vingança não é justiça”. Membros das entidades participantes colocaram tinta vermelha nas mãos como forma de protesto.
“O que nós temos falado insistentemente é que vingança não é política de segurança pública. Estivermos pessoalmente na Baixada Santista conversando com moradores e encontramos crianças aterrorizadas pela ação policial. Viemos aqui perguntar quantos mais têm que morrer para que essa guerra acabe. É preciso dar um basta e pôr um fim imediato na Operação Escudo”, disse a deputada estadual paulista Paula Nunes ou Paula da Bancada Feminista (PSol).
Edição: Marcelo Brandão