O Ministério Público de Minas Gerais denunciou a influenciadora Michele Dias Abreu, que associou as enchentes no RS às religiões de matriz africana, por intolerância religiosa. A promotoria ainda alega que ela induziu pessoas à discriminação contra as religiões de matriz africana.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou a influenciadora Michele Dias Abreu, 43 anos, por intolerância religiosa. Nas redes sociais, ela associou a tragédia climática no Rio Grande do Sul às religiões de matriz africana.
De acordo com a promotora de Justiça Ana Bárbara Canedo Oliveira, além de cometer o crime de intolerância religiosa, a influenciadora também induziu outras pessoas "à discriminação, ao preconceito e à intolerância contra as religiões de matriz africana".
Na denúncia, a promotora ainda pede que Michele seja proibida de sair do país sem autorização judicial e de fazer "novas postagens sobre religiões de matriz africana ou com conteúdos falsos relacionados à tragédia no Rio Grande do Sul", segundo informado no site do MPMG.
Caso
Em vídeo publicado no dia 5 de maio, Michele disse que as enchentes seriam resultado da 'ira de Deus'. "O que está acontecendo no Rio Grande do Sul: Deus está descendo com sua ira total. Eu não sei se vocês sabem, mas o estado do Rio Grande do Sul é um dos estados com o maior número de terreiros de macumba, mais do que a Bahia", disse ela no Instagram.
Segundo a influenciadora, os acontecimentos já estavam sendo avisados. "Eu estava vendo ontem e em algumas igrejas alguns profetas já estavam anunciando em janeiro, fevereiro, sobre algo que ia acontecer no Rio Grande do Sul devido à ira de Deus mesmo."
Michele ainda afirmou que as pessoas estariam brincando com a fé de Deus e que as enchentes no Rio Grande do Sul seriam consequência disso. "Deus é santo, não há um Deus maior do que ele e aí as pessoas estão abusando disso. Vocês podem ter certeza que Deus não divide a sua honra com ninguém e isso vai ter consequências, está tendo consequências", finalizou.
Após a repercussão negativa do vídeo, que teve mais de três milhões de visualizações, a influenciadora deixou suas redes sociais privadas. O Terra NÓS não conseguiu localizar a defesa de Michele. O espaço segue aberto para manifestações.
Crime
Em 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornou as penas para crimes de intolerância religiosa mais severas. A lei, que equipara o crime de injuria racial ao crime de racismo, protege a liberdade religiosa e prevê pena de dois a cinco anos de prisão, além de multa.