O Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI) apresentou denúncia contra o mestrando em matemática Thiago Mayson da Silva Barbosa pela morte da estudante Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos, e pediu pela condenação do denunciado à soma das penas máximas de quatro crimes. Ele segue preso preventivamente desde que a jovem foi morta.
O órgão ministerial, que recebeu o inquérito do caso no dia 8 de fevereiro, apontou na denúncia os crimes de homicídio qualificado – com as qualificadoras de emprego de meio cruel e feminicídio –, estupro de vulnerável, vilipêndio de cadáver e fraude processual.
Janaína morreu após uma festa de calouros na Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Teresina, no dia 28 de janeiro. Ela era estudante de Jornalismo e havia ingressado na instituição no 2º semestre de 2020. Um laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) apontou que a jovem sofreu violência sexual e teve o pescoço quebrado.
A delegada Nathália Figueiredo, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), apontou ao concluir o inquérito do caso, que foi periciado um telefone onde Thiago teria gravado a relação sexual com Janaína, mesmo depois de ela estar morta. “Numa análise pericial não tinha sinal de confronto. Ela estava em situação de vulnerabilidade. Não tinham marcas de violência e nem de lesões de defesa. Ela estava em situação de subjugação”, afirmou.
“O celular dele foi apreendido e conseguimos recuperar imagens registradas pelo autor, tanto após a primeira violência sexual, entre a primeira e a segunda violência sexual, que ela ainda estava com vida, mas visivelmente desnorteada. E o segundo registro com ela provavelmente já morta e com as partes íntimas muito ensanguentadas”, acrescentou a autoridade policial.
No inquérito ainda consta que Thiago Mayson tentou apagar as imagens do celular. Ele também gravou um vídeo da própria mão ensanguentada.
O que acontece após a denúncia do MP
A partir do recebimento da denúncia do Ministério Público, o juiz responsável irá considerar as alegações, com os laudos e depoimentos colhidos, e citar Thiago, informando-o que ele foi denunciado e dando início ao prazo para manifestação de defesa.
Após análise, o Poder Judiciário decide se mantém a denúncia e, em caso positivo, será realizada audiência de instrução e posterior julgamento pelo Tribunal do Júri.
Caso o réu seja considerado culpado, a soma das penas máximas pelos quatro crimes pode chegar a 50 anos. Conforme o promotor de Justiça João Mendes Benigno Filho, o Ministério Público pedirá agilidade no andamento do processo.
“Quando tomamos conhecimento do inquérito, toda a equipe da 13ª Promotoria de Justiça fez o esforço conjunto na análise do inquérito e na produção da denúncia. Embora ainda faltem alguns laudos periciais como o DNA forense, o toxicológico, análise do notebook do denunciado e do celular de uma das testemunhas, o que foi apresentado até o momento já demonstra a ocorrência dos crimes denunciados”, explicou.
O promotor ainda destacou que o caso corre em segredo de justiça.