Mudança vem das arquibancadas, diz fundador de torcida LGBT+

Podcast do Papo de Mina conversa com ativista Onã Rudá, que luta contra o preconceito no ambiente do futebol

20 jun 2022 - 05h00
(atualizado às 13h17)

“Se a gente muda a cultura do futebol, em paralelo a gente muda a cultura da sociedade, porque nenhuma atividade social no País, tirando a igreja, tem capacidade de mobilizar tanto quanto o futebol”.

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Essa é a fala de Onã Rudá, autor da Lei “Teu Nascimento”, que pune LGBTfobia em estabelecimentos comerciais em Salvador, e fundador das torcidas LGBTricolor (do Bahia) e Canarinhos LGBTQ+, em entrevista exclusiva ao podcast do Papo de Mina.

Onã Rudá marca presença nos jogos do Bahia com a camisa da Torcida LGBTricolor
Onã Rudá marca presença nos jogos do Bahia com a camisa da Torcida LGBTricolor
Foto: Reprodução/Instagram

O ativista é categórico ao defender que é das arquibancadas que surgirá a transformação do futebol, e afirma que não apenas a homofobia deve ser combatida pela torcida: “eu tenho uma formação pessoal que me leva a crer que está sempre no braços das massas, da maioria da população, a saída para grandes problemas”. 

Mas quando pensamos em torcidas, a imagem que se forma é de uma maioria masculina, heterossexual, branca, muitas vezes tóxica e agressiva. “Que bicho é esse torcedor?", questiona Onã.

São crianças, mulheres, jovens, velhos, negros, pardos, pobres, ricos, com baixa e alta escolaridade que conversam sobre os resultados da rodada, criticam treinadores e jogadores e fazem piada com torcedores adversários. Um universo diverso, mas que pouco frequenta os estádios por medo da violência - e aqui falamos de todas elas, inclusive de cantos homofóbicos.

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O combate e a denúncia de atos de preconceito e violência e o aumento da presença de pessoas que são totalmente excluídas do futebol são alguns dos objetivos desses coletivos. É com esses atos que eles pretendem mudar a cultura do futebol e da sociedade. O processo, porém, não depende só deles.

“Não adianta nada a gente ficar aqui tentando fazer um caminho de construção que permita que a gente vá para o estádio se as instituições não garantirem a nossa segurança, a nossa presença”, argumenta.

Onã apresenta até uma proposta de investimento para essas entidades: “o que gasta uma federação de futebol se ela montar um vídeo institucional e passar antes de um jogo de campeonato orientando as pessoas a não fazerem atos e expressões de preconceito? Nada. Objetivamente nada. Porque o ganho é infinitamente maior”.

O Bahia, clube que virou modelo em por diversas ações de combate ao preconceito, e que possui a presença do movimento LGBTricolor em seus jogos, não tem registros há mais de três anos, segundo Onã, de denúncias por gritos homofóbicos. Caso diferente do Corinthians, por exemplo, que foi denunciado no STJD por conta de cantos proferidos na partida contra o São Paulo, em 22 de maio, na Neo Química Arena, e pode ser punido com multa de até R $100 mil e perda de três pontos no Campeonato Brasileiro.

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O resultado dessas atitudes? Derrota para todos os lados. “Quem perde com preconceito no futebol é o próprio futebol”, finaliza.

Durante o mês de junho, mês do Orgulho LGBTQIA+, o Papo de Mina apresenta uma websérie especial com abordagem do tema no ambiente esportivo.Você pode ouvir os episódios anteriores e o podcast completo desta segunda-feira (20) pelo Spotify do Papo de Mina ou através das demais plataformas distribuidoras de áudio.

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