Mulher denuncia padre por ordenar que motorista a estuprasse

O padre Airton Freire de Lima é o fundador da Fundação Terra; ele foi suspenso do cargo pela Diocese de Pesqueiras

31 mai 2023 - 21h59
(atualizado em 1/6/2023 às 18h50)
Silvia Tavares de Souza diz ter sido estuprada pelo motorista do padre, enquanto ele assistia
Silvia Tavares de Souza diz ter sido estuprada pelo motorista do padre, enquanto ele assistia
Foto: Reprodução/TV Globo

Uma mulher denunciou o padre Airton Freire de Lima de participar e ordenar um estupro contra ela. O caso teria ocorrido em outubro de 2022, mas Silvia Tavares de Souza apenas veio a público expor o caso no início deste mês, quando deu entrevistas para emissoras locais de televisão, em Pernambuco.

Segundo detalhou ao telejornal NE1, o padre a obrigou a ter relações sexuais com seu motorista, identificado apenas como Jaílson, durante um retiro espiritual organizado pelo religioso. Silvia diz que foi chamada por ele para uma "casinha" onde ficava os aposentos do padre Airton. No local, ele perguntou se ela poderia fazer uma massagem nele.

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"Comecei a dar uma massagem no pescoço, fui descendo, fui descendo... Ele 'aperte mais minha costela', quando eu cheguei perto do cóccix, ele disse, 'aperte meu cóccix'. Quando eu toquei no cóccix dele, ele estava sem torga, sem calção, sem nada. Ele estava nu. Na hora que eu vi que ele estava nu, eu pulei", afirmou.

O padre Airton Freire
Foto: Reprodução/Instagram

Ao gritar, o motorista Jaílson apareceu com uma faca, que colocou no pescoço da mulher. "Ele disse, 'quieta, ninguém vai morrer'. E alí, meu mundo acabou", disse Silvia.

Assustada, a mulher contou que pedia ajuda ao padre. "Eu não conseguia falar, eu não conseguia me expressar direito e eu falava 'padinho, o que é que tá acontecendo?'", relembrou. Mas o padre Airton nada fazia.

"Ele chegou para mim e disse: 'quieta, que ninguém vai morrer'. E nisso, eu estava mobilizada, porque ele me deu uma gravata e botou a faca, entendeu? Disse: 'tire a roupa'. Eu tirei a roupa, ele pediu para o outro tirar a roupa. Ele pegou o lençol de seda e foi para uma cadeira, tipo essas cadeiras antigas, sentou nu, com o lençol aqui [cobrindo até o pescoço, segundo gesto feito pela mulher] e ficava ordenando tudo", afirmou a mulher.

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Em determinado momento, Airton teria ordenado que o motorista a estuprasse. "Eu comecei a gritar, 'padrinho por favor pare com isso'. E ele disse, 'não adianta gritar porque aqui ninguém escuta. Até porque aqui tem o canil, tem os cachorros, você vai morrer de gritar e ninguém vai escutar. se você ficar quietinha, minha princesa, nada vai acontecer'", detalhou Silvia.

Padre foi afastado

O padre Airton Freire é fundador da Fundação Terra, inaugurada em 2005. Ele foi ordenado e tornou-se padre em 1983. Na terça-feira, 30, a Diocese de Pesqueira suspendeu o "uso da ordem" por parte do padre Airton. Ou seja, ele está impedido de exercer a função religiosa.

No documento em que pauta a suspensão, a Diocese citou uma das matérias veiculadas com a denúncia feita por Silvia. Além disso, o texto diz que foram consideradas "advertências anteriores" e a "gravidade dos fatos atualmente denunciados com investigação na esfera estatal e eclesiástica em andamento".

A Diocese de Pesqueira afastou o padre Airton Freire
Foto: Reprodução/Diocese de Pesqueira
A Diocese de Pesqueira afastou o padre Airton Freire
Foto: Reprodução/Diocese de Pesqueira

A Diocese de Pesqueira afirmou ainda que a decisão busca garantir o curso da Justiça.

Na noite desta quarta-feira, 31, a Fundação Terra publicou um comunicado em que diz que o padre Airton se sente injustiçado.

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"O Pe. Airton Freire lamenta e se sente injustiçado por denúncias de atos ilícitos que jamais cometeu, movidas por interesses que ainda não estão claros", inicia a nota.

A fundação afirma ainda que as investigações provarão que não houve nenhum crime cometido. "Enviamos esse comunicado a todos os irmãos e irmãs para que se mantenham tranquilos porque as obras sociais da Fundação Terra serão mantidas", afirma.

O Ministério Público de Pernambuco informou ao Terra que está diálogo com a Polícia Civil, que conduz a investigação das denúncias. Porém, por se tratar de um inquérito sigiloso, o órgão não vai divulgar maiores informações sobre o caso.

O Terra também tentou contato com a Polícia Civil de Pernambuco e o Tribunal de Justiça do Estado, mas não conseguiu retorno até o momento desta publicação.

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Fonte: Redação Terra
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