Uma mulher foi expulsa do Teatro Renault, em São Paulo, após atitude transfóbica contra a influenciadora Malévola Alves. O caso gerou atraso no espetáculo 'Wicked' e a Polícia Militar foi acionada.

Uma mulher foi expulsa durante uma sessão da montagem brasileira do musical Wicked, em São Paulo, realizada na noite desta quarta-feira, 26, após atitude transfóbica com a influenciadora Malévola Alves. A suspeita teria proferido ofensas preconceituosas contra ela ainda na fila da pipoca. A Polícia Militar foi acionada.
"Eu fui vítima de transfobia por aquela mulher. Ela me chamou de homem", declarou a influencer no meio da plateia enquanto era filmada.
O influenciador Miguel Pasqualetto Filpi, de 31 anos, que também estava no Teatro Renault, contou em sua rede social que viu duas mulheres se desentendendo na fila, e ambas estavam gritando.
“Achei que desagradável, mas ao mesmo tempo, não sabia o que estava acontecendo. Tinha uma moça que estava na frente, que eu descobri depois que o nome dela é Malévola. Entendemos que se tratava de uma briga entre a Malévola, que estava na frente, e a moça de trás”, revelou.
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Segundo ele, aparentemente, Malévola estava demorando muito, pois estava esperando a nota fiscal, momento em que a mulher atrás dela reclamou, pois estava com pressa.
“Meu Deus, era uma pressa, que ela não podia esperar dois minutos. Ela era a próxima da fila. Mas enfim, aí ela ficou toda nervosa, as duas bateram boca, mas a Malévola foi sair da fila. A mulher, não contente em já ter se desentendido lá, berrou 'homem' para Malévola. Ela berrou, estava tentando humilhar mesmo a Malévola. Foi uma coisa muito sinistra”, declarou.
Nas imagens que Miguel mostra, é possível ver pessoas da produção conversando com a suspeita, ao lado da filha pequena. O público também se manifestou em vários momentos, pedindo para que a mulher fosse retirada do teatro. “A gente não vai começar a assistir um espetáculo que é extremamente representativo para diversidade com uma mulher dessa aqui. Não faz o menor sentido”, afirmou.
Depois de quase 20 minutos, a mulher aceitou deixar o local. Enquanto ela se retirava da sessão, o público aplaudiu e vaiou. "Justiça foi feita!! Obrigado a todo mundo nessa plateia que fez a união para que isso acontecesse", escreveu Miguel.
Mais tarde, após o espetáculo acabar, uma das protagonistas e intérprete de Glinda em Wicked, Fabi Bang, foi às suas redes sociais e detalhou o caso. Ela lamentou o ocorrido e salientou que pessoas transfóbicas que vão assistir ao espetáculo, não sabem do que se trata o musical.
“A gente teve um episódio muito chato na plateia hoje, muito desagradável, zero representa o que esse espetáculo transmite. Porque essa mensagem, essa postura, é totalmente contra a história que a gente está contando. O público se revoltou com essa situação e o espetáculo foi atrasado. Ficamos cerca de meia hora esperando, até que a pessoa que cometeu o ato aceitasse se levantar da plateia e deixar a sala de espetáculo para prestar depoimento”, esclareceu.
A atriz continua: “Talvez se a agressora não tivesse saído por bem, ela teria que sair por mal, esperando a polícia chegar. Espero que essa agressora seja devidamente punida e que ela aprenda a lição. Eu espero que a vítima seja, ou indenizada, ou que a Justiça minimize de alguma forma o sofrimento e o constrangimento dela, e que essa criança supere a noite de hoje, que poderia ser apagada da vida dela. Fica uma mensagem, a primeira é: transfobia nem pensar. E a segunda é que a pessoa que vem assistir a um espetáculo como Wicked e tem um ato como esse, ela não sabe o que ela está fazendo da vida dela. Ela não entendeu nada”, finalizou.
Em um comunicado oficial, a produção se manifestou sobre o caso e afirmou que repudia qualquer qualquer forma de transfobia e LGBTQIAPN+fobia e reafirma seu compromisso com a inclusão, o respeito e a diversidade.
Confira na íntegra:
"Hoje, 26 de março de 2025, antes da sessão das 20h00 de Wicked, ocorreu um episódio no foyer do Teatro Renault, envolvendo uma denúncia de transfobia. O problema se estendeu para dentro da plateia, até que, sob forte pressão do público, a pessoa denunciada por transfobia se retirou do teatro.
A Polícia Militar do Estado de São Paulo foi prontamente acionada, compareceu ao Teatro Renault e dará prosseguimento às medidas de investigação criminal cabíveis ao caso.
Devido ao ocorrido, a sessão de Wicked começou com 18 minutos de atraso e transcorre pacificamente neste momento.
A produção brasileira de Wicked repudia qualquer forma de transfobia e LGBTQIAPN+fobia e reafirma seu compromisso com a inclusão, o respeito e a diversidade. A história de Wicked celebra a aceitação das diferenças e a luta contra preconceitos, valores que também defendemos fora dos palcos. Nosso espetáculo é e continuará sendo um espaço seguro para todas as pessoas, independentemente de identidade de gênero ou orientação sexual. Acreditamos que o teatro deva ser um ambiente de acolhimento e representatividade e não toleramos qualquer discriminação em nenhuma de suas formas".