Uma mulher de 29 anos foi vítima de injúria racial e agressão com uma "voadora" nas costas durante uma discussão em Santos, no litoral de São Paulo. Latoya Ferraz relatou o ocorrido em seu perfil nas redes sociais, e pediu apoio no boicote ao estabelecimento, que fica no bairro Gonzaga.
Segundo conta, a mulher estava com amigas em um bar dentro de uma galeria, que divide espaço com outros estabelecimentos, e saiu para fumar com uma amiga. Do lado de fora, um vendedor de paçocas pediu um palito de dente para ela, que consentiu. Só que ela não estava no bar ao qual pertencia a mesa de onde ele pegou o palito.
"Lá dentro tem outros bares e lojinhas, é um espaço compartilhado. A gente não viu problema e dissemos que sim", continua. "Nisso, a senhora – que depois disse que era mãe do dono do bar – veio falar com a gente com extrema grosseria, falando para o moço: 'Não, não é para pegar. Pode deixar isso aí e vai embora'. Foi um absurdo a forma como ela tratou o moço, não tinha motivo nenhum".
'Não discute mais com ela'
Quando o homem se afastou, Latoya e a amiga disseram que não havia necessidade de a mulher tratá-lo daquela forma. Irritada com a situação, a senhora rebateu, dizendo que o vendedor de paçocas tem o hábito de passar pelo estabelecimento e sempre pegar palitos.
Latoya então se ofereceu para pagar o palito de dente, caso este fosse o problema.
"Ela disse: 'Você não está no bar lá do fundo? Vai embora'. Nisso entrou o filho dela na discussão. A mãe dele virou para ele e falou assim: 'Não discute mais com ela'", relata Latoya, apontando para a cor da própria pele numa referência ao gesto feito pela mulher ao proferir a frase.
Latoya lembra que até tentou filmar o episódio com o celular, mas assim que pegou o aparelho, a idosa parou as agressões. A jovem e a amiga tentaram entrar de novo no estabelecimento onde estavam, quando a dona do bar a empurrou e a confusão começou.
"Nisso que ela me empurrou, eu empurrei de volta. Nisso, eu só senti uma porrada muito grande nas minhas costas e eu caí pra frente. Depois que eu vi que foi uma voadora que eu levei, pelas costas, do filho dela", relembra.
A jovem teve ferimentos no antebraço, cotovelo e no joelho, além de uma torsão no tornozelo. A idosa teve uma fratura na mão.
Boicote ao bar
Latoya explicou, nas redes sociais, que o crime se enquadra em injúria racial. Apesar de ter exposto o caso, ela não estimula que ninguém faça "justiça com as próprias mãos", mas defende um boicote ao estabelecimento. "O que eu quero é, realmente, o boicote ao bar e expor esses locais racistas aqui em Santos. Isso não pode continuar, eu não posso ficar me privando de ir em lugares que eu não conheço porque tenho medo de como vai ser", desabafa.
"Recebi mensagens de pessoas que sofreram esse tipo de tratamento nesse bar, então, não é um caso isolado", conclui.
Em nota a Polícia Civil informou que o caso mencionado foi registrado como injúria racial e vias de fato na Central de Polícia Judiciária de Santos. "A vítima, uma mulher de 29 anos, alegou ter sido alvo de racismo de uma idosa, de 67. Posteriormente, as partes se desentenderam e sofreram ferimentos leves. O caso foi encaminhado para o 7° DP da cidade, área dos fatos, que investiga todas as circunstâncias da ocorrência", diz a corporação.
Posicionamento
O Terra entrou em contato com os representantes do bar, mas não houve resposta até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.
Já o perfil da galeria nas redes sociais publicou uma nota no qual diz que está acompanhando o caso junto com a polícia. Veja o posicionamento na íntegra:
"Caros clientes e parceiros, junto com a polícia estamos acompanhando o que aconteceu hoje no @bardacasasantos que está localizado aqui na galeria. Não compactuamos com qualquer tipo de discriminação ou agressão."
