Uma mulher indígena invadiu o palco durante uma apresentação de Luciano Huck na Rio2C, no Rio de Janeiro, para reivindicar mais representatividade para os seus povos e tecer críticas à falta de visibilidade na programação da TV Globo. Huck e os executivos presentes se comprometeram a ouvir e a trabalhar com a comunidade indígena para produzir conteúdos mostrando a visão indígena.
Uma mulher indígena invadiu o palco durante uma apresentação de Luciano Huck e executivos da Globo na Rio2C, maior evento de economia criativa do país, no Rio de Janeiro, na quarta-feira, 5. Com cocar e um manto de palha, ela agradeceu Huck por ajuda que recebeu anteriormente, mas aproveitou para fazer um apelo por mais visibilidade para os povos indígenas na programação da emissora.
"Oito anos atrás eu fui demitida grávida, e você e sua mulher [Angélica] mandaram um quarto pra minha filha. E pouco depois eu fui posta para fora da casa e perdi meu esposo, assassinado", afirmou a participante.
Na identificação de seu crachá, era possível ler o nome Bekoy Tupinambá. Na internet, ela se apresenta como Jennyffer Bransfor Tupinambá e é sócia da agência BND Digital. Numa publicação em seu Instagram, nesta quinta-feira, 6, a mulher ressaltou que "o povo tupinambá é guerreiro! Eu sou aquilo que os meus foram, guerreiros!".
Bekoy Tupinambá relatou dificuldades e ressaltou a participação na criação da primeira agência de marketing digital formada por mulheres indígenas. Ela criticou a falta de visibilidade dos povos indígenas na mídia e pediu mais atenção para sua comunidade. "Nós somos os donos dessa terra, mas não queremos invadir nem tomar terra de ninguém", afirmou.
Em seu discurso, Bekoy mencionou que trouxe o primeiro artefato repatriado indígena, o manto tupinambá, e questionou Huck sobre seu apoio à causa indígena. Huck respondeu que a voz dela seria sempre ouvida na TV Globo e reafirmou o compromisso da emissora com o respeito e reconhecimento dos povos indígenas.
Amauri Soares, executivo da Globo, destacou o orgulho da emissora em produzir o Falas da Terra, um conteúdo criado por indígenas, e mencionou o envolvimento contínuo de criadores indígenas em novos projetos. Ele reafirmou o interesse da Globo em trabalhar junto com a comunidade indígena para produzir conteúdos que reflitam a visão indígena do Brasil atual.