"Mulheres negras são empreendedoras porque não tiveram outras opções na vida", diz Ana Fontes

Ela é uma das presenças confirmadas do Women On Top, maior encontro de lideranças femininas da América Latina

25 abr 2024 - 05h00
Resumo
Ana Fontes é fundadora da maior rede brasileira de apoio ao empreendedorismo feminino, a Rede Mulher Empreendedora. Ela estará no Women On Top 2024, que acontece no dia 4 de maio.
Ana Fontes é fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME)
Ana Fontes é fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME)
Foto: Divulgação: Priscila Prade

"Empreendedora social em busca de caminhos e alternativas para melhorar a vida das mulheres". É assim que Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME), a maior rede de apoio ao empreendedorismo feminino no Brasil, se apresenta.

"Seja em qualquer aspecto do que a gente esteja falando, acredito que a geração de renda através da autonomia econômica financeira pode mudar a vida das mulheres", disse ela em entrevista ao Terra NÓS.

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As mulheres são a maioria em todas as grandes regiões do Brasil, cerca de 104.548.325 (51,5%), segundo o Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em outubro. No entanto, elas ainda estão sub-representadas no que Ana chama de "ambientes de poder", uma situação que a empreendedora social quer mudar através do seu trabalho.

"Nós somos a minoria na política. Quando você vê o Congresso, 16% são mulheres, ou seja, são os homens que decidem sobre a vida das mulheres na política. No Judiciário, a representatividade feminina também é baixa", afirmou.

No mundo corporativo a situação não é muito diferente. As mulheres ainda lutam para ocuparem cargos de liderança. "Então, a gente precisa trabalhar muito para mudar esse jogo. Quando você pega recortes raciais, a situação é ainda mais dramática", afirma. 

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De acordo com ela, dá para contar nos dedos as mulheres negras que são CEOs de empresas. "As mulheres têm a capacidade e a condição de assumir esses espaços, mas a questão é que não são dadas oportunidades para elas."

Ambiente empreendedor

Por isso, muitas mulheres buscam um outro caminho: empreender. "Mas esse número [de mulheres empreendedoras] cresce porque os ambientes corporativos ainda são extremamente hostis para as mulheres", explica Ana ao Terra NÓS.

"As mulheres, especialmente as mães, não se sentem acolhidas dentro das grandes empresas e vão empreender, muito mais por necessidade do que necessariamente por oportunidade. Então, a gente precisa buscar caminhos para essas mulheres empreenderem de uma forma mais acolhedora, justa e inclusiva", continuou.

Entretanto, Ana também ressalta que os desafios perseguem as mulheres até mesmo no empreendedorismo, como a falta de acesso a capital e mercado.

"Já que essas mulheres abrem negócios, como é que elas podem vender os seus produtos e serviços? Alguns países têm políticas públicas de compras inclusivas que dão espaço para que esses grupos minoritários tenham acesso a capital. Isso é muito importante para a gente conseguir mudar o jogo", ressalta.

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"Se uma mulher branca tem dificuldade de acesso a capital, uma mulher negra tem muito mais dificuldade", afirmou Ana Fontes
Foto: Divulgação: Priscila Prade

E quando a empreendedora é uma mulher negra, as dificuldades aumentam. "Se uma mulher branca tem dificuldade de acesso a capital, uma mulher negra tem muito mais dificuldade. Se uma mulher branca de uma capital tem dificuldade, imagine uma mulher negra que mora em favela, comunidade ou cidade mais afastada", pontua Ana.

"Quanto mais marcadores sociais, mais difícil é a situação. As mulheres negras são empreendedoras porque não tiveram outras opções na vida."

Women On Top

Ana Fontes, que começou a empreender em 2008 e hoje comanda uma rede que tem mais de um milhão de mulheres conectadas pelo Brasil, é uma das presenças confirmadas do Women On Top, um dos maiores encontros de lideranças femininas da América Latina. O evento acontece no dia 4 de maio, em São Paulo.

"É um projeto muito importante, porque conecta várias pontas. Você tem empreendedoras, executivas, entidades e organizações. E eu acho que para a gente mudar e garantir oportunidades para as mulheres é preciso exatamente esse movimento de conectar os mais diversos 'players do' mercado, ou as mais diversas entidades e pessoas", disse a empreendedora social ao Terra NÓS sobre o evento.

Ana ainda falou o que deseja para o futuro do empreendedorismo feminino no Brasil: "Que as mulheres empreendam porque elas querem, não porque elas são empurradas a empreender. É fundamental que a gente tenha políticas públicas para que as mulheres sejam apoiadas."

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Ana Fontes no Women on Top
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Fonte: Redação Nós
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