Negritude e autoestima: as sensações de anulação nas relações do homem negro

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20 dez 2023 - 08h05
Imagem mostra homem negro com os olhos fechados e os braços levantados na altura da cabeça. Ele veste uma camisa preta e atrás há uma construção de madeira.
Imagem mostra homem negro com os olhos fechados e os braços levantados na altura da cabeça. Ele veste uma camisa preta e atrás há uma construção de madeira.
Foto: Alma Preta

Por: Felipe Ruffino*

A autoestima é um elemento intrínseco à saúde emocional de qualquer indivíduo, moldando sua percepção de si mesmo e suas interações sociais. No entanto, para o homem negro, a construção e manutenção da autoestima muitas vezes estão atreladas a complexidades históricas e raciais que permeiam sua vivência diária. Este artigo propõe uma reflexão sobre as sensações de anulação que homens negros podem experimentar nas relações, contextualizando tais sentimentos em um cenário de questões étnicas e históricas.

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A experiência do homem negro, sobretudo em contextos ocidentais, é frequentemente marcada por desafios únicos relacionados à sua identidade racial. Em um mundo onde os padrões estéticos eurocêntricos muitas vezes dominam, a construção da autoestima para homens negros pode ser um processo complexo. A mídia, por exemplo, muitas vezes perpetua estereótipos prejudiciais que impactam a percepção de beleza e valor próprio desses indivíduos.

Ao se deparar com sensações de anulação em relações interpessoais, o homem negro muitas vezes se vê confrontado com a questão de ser trocado por padrões sociais mais aceitos. Essa troca, seja ela real ou percebida, não apenas afeta a autoestima como também aciona um conjunto de emoções relacionadas à negação e à desvalorização da identidade negra.

O histórico de subjugação e marginalização da população negra, proveniente dos horrores da escravidão e da persistência de estruturas racistas, reverbera nas dinâmicas sociais contemporâneas. As relações inter-raciais muitas vezes carregam o peso desses antecedentes históricos, impactando a autoconfiança do homem negro, que se vê confrontado com a questão: "Eu sou o suficiente?".

A busca por aceitação e pertencimento, em um mundo que muitas vezes promove ideais inatingíveis, pode gerar um fardo emocional significativo. A sensação de ser trocado ou subestimado em relações amorosas, amizades ou no ambiente profissional pode alimentar a ideia de que a negritude é um fator limitante, contribuindo para uma autoimagem prejudicada.

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A resiliência do homem negro é, contudo, uma força transformadora. O diálogo sobre essas questões étnicas e históricas é crucial para desmantelar estereótipos e promover a aceitação da diversidade. A autoestima do homem negro não deve ser eclipsada por narrativas que perpetuam a inferiorização, mas sim fortalecida por narrativas que celebram a beleza e a complexidade da identidade negra.

Portanto, é imperativo reconhecer a necessidade de construir uma sociedade inclusiva, onde a autoestima do homem negro possa florescer sem as amarras de estereótipos raciais. É uma jornada coletiva, permeada por compreensão, respeito e valorização da riqueza que a diversidade étnica traz para a experiência humana.

* Felipe Ruffino é jornalista, pós graduado em Assessoria de Imprensa e Gestão da Comunicação, possui a agência Ruffino Assessoria e ativista racial, onde aborda pautas relacionada à comunidade negra em suas redes sociais @ruffinoficial.

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