ESG é uma sigla em inglês para Environmental, Social e Governance, ou seja, práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização. O termo foi criado em 2004 e publicado pelo Pacto Global, iniciativa da ONU junto do Banco Mundial, a partir de uma provocação do então secretário geral Kofi Annan a donos de grandes instituições financeiras sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança nas empresas.
Por muitos anos, esse conjunto de boas práticas tinha como foco o meio ambiente e, nos últimos anos, questões sociais acabaram ganhando espaço. No entanto, quando o tema é raça, mais especificamente negritude, as práticas ainda são incipientes.
A partir disso, organizações da sociedade civil e ativistas vêm criando as chamadas práticas de ESG racial ou ESG de equidade racial e também estabelecido como tema de debates e eventos como o Fórum Brasil Diverso 2023, que acontece nos dias 17 e 18 de novembro, em São Paulo.
Em seus painéis, o evento trará o perfumista francês Jerry Padoly, único perfumista negro na indústria de beleza, a estilista Isa Silva, premiada por sua atuação com moda sustentável e inclusiva, e Maurício Rodrigues, Presidente Bayer LatAM, o único CEO negro nesta categoria no Brasil, que fará um panorama sobre o pioneiro programa de Trainee da Bayer do Brasil.
Na prática
A Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial criou o Índice ESG de Equidade Racial, lançado em 2022, que estabelece três principais frentes: a primeira é equidade de acordo com a realidade local. Por exemplo, em Salvador, 80% da população é negra, mas isso não se reflete na gestão das empresas da cidade.
A segunda frente são as ações afirmativas, como por exemplo se existem políticas de contratação e treinamento e, por fim, o investimento social privado em equidade racial, como por exemplo, formação de jovens em periferias. No caso do Índice do Pacto de Promoção da Equidade Racial, as empresas têm até dois anos para divulgar os resultados a partir do cumprimento das três frentes.
Para além de grandes corporações e multinacionais, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), junto da Universidade Zumbi dos Palmares e do Procon SP, estabeleceram princípios para o enfrentamento ao racismo nas relações de consumo. São eles:
1 - Racismo nas relações de consumo constitui crime inafiançável e imprescritível.
2 - Todas as pessoas devem ser tratadas com respeito e consideração.
3 - O racismo é uma violência contra a dignidade da pessoa humana.
4 - Nenhuma pessoa pode ser desrespeitada ou ofendida pela cor da pele.
5 - Nas relações de consumo, nenhuma pessoa pode sofrer preconceito em razão de cor da pele, raça, etnia e quaisquer outras formas de discriminação.
6 - São atos discriminatórios proibir ou constranger o ingresso ou a permanência em estabelecimento aberto ao público, em razão de cor da pele, raça, etnia e quaisquer outras formas de discriminação.
7- O atendimento deve ocorrer sem qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória.
8 - Não se pode abordar, revistar ou imobilizar nenhuma pessoa em razão de cor da pele, raça, etnia e quaisquer outras formas de discriminação.
9 - Nenhuma pessoa pode desrespeitar, ofender ou agredir verbal ou fisicamente funcionário ou prestador de serviço em razão de cor da pele, raça, etnia e quaisquer outras formas de discriminação.
10 - Nas relações de consumo, todas as pessoas devem agir com respeito e fraternidade, sem compactuar com atos discriminatórios, conscientes de que todas são dotadas de igualdade e dignidade.
O Fórum Brasil Diverso, que vai discutir entre outros tópicos práticas de ESG em relação a raça, acontece nos dias: 17 e 18 de novembro no Hotel Unique, na Av. Brigadeiro Luís Antônio, 4700 - Jardim Paulista e os ingressos podem ser adquiridos aqui.