Uma operação conjunta da Polícia Federal, Ibama, Funai e outros órgãos do governo federal localizou um ponto de garimpo em território yanomami a menos de 15 quilômetros de uma comunidade de povos indígenas isolados, sem nenhum contato com a sociedade, informou neste sábado o Ministério dos Povos Indígenas.
A comunidade foi identificada durante sobrevoo em Roraima na sexta-feira, e as imagens registradas "comprovam que os indígenas vivem no local e não estariam longe dali, dada a conservação das malocas que os abrigam e dos alimentos plantados no entorno", afirmou o ministério em comunicado.
O sobrevoo também constatou que novos garimpos se formaram no entorno próximo da comunidade, disse a pasta, acrescentando que os indígenas são do povo isolado moxihatëtëa, que é monitorados desde 2010 pela Funai.
"É importante que os garimpeiros saiam logo dali. A presença deles ali traz um risco fatal aos isolados, por isso aqueles que se recusarem a sair devem ser presos pela operação", disse a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, segundo o comunicado da pasta.
Na sexta-feira, a Polícia Federal iniciou uma operação de erradicação do garimpo na Terra Indígena Yanomami com foco principal na interrupção da atividade criminosa, inclusive com a destruição de equipamentos usados pelos garimpeiros.
O garimpo ilegal é apontado como principal responsável pela crise humanitária e sanitária que atinge os yanomami. O uso do mercúrio na extração ilegal de ouro contamina os rios usados pelos indígenas para abastecimento e alimentação, o que provocou doenças e desnutrição.
Nesta semana, agentes do Ibama e da Funai realizaram operações de fiscalização contra o garimpo no território yanomami e destruíram equipamentos usados pelos garimpeiros.
Mais de 20.000 garimpeiros invadiram a reserva indígena, trazendo doenças, abuso sexual e violência armada que aterrorizaram os yanomami, estimados em cerca de 28.000, e levaram à desnutrição grave e mortes.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou emergência médica na terra yanomami e disse que terá tolerância zero para o garimpo em terras indígenas, protegidas pela Constituição.
Os yanomami vivem há muito tempo em uma vasta reserva do tamanho de Portugal, na fronteira com a Venezuela. Suas terras ricas em minerais atraem garimpeiros ilegais há décadas, especialmente depois que o governo militar construiu uma estrada através da floresta amazônica na década de 1970.
O antecessor de Lula, Jair Bolsonaro, defendeu a mineração em terras indígenas protegidas, e seu governo fez vista grossa para um novo aumento nas invasões de reservas por garimpeiros e madeireiros ilegais, além de reduzir o financiamento da fiscalização contra crimes ambientais.