A Polícia Militar no Brasil não nasceu para trabalhar por nós

Monarquia e democracia burguesa são as únicas instituições que desfrutam cuidado da PM

6 dez 2024 - 18h02
Ouvidor da Polícia Militar, Cláudio Aparecido chegou a discutir com um dos policiais durante o enterro.
Ouvidor da Polícia Militar, Cláudio Aparecido chegou a discutir com um dos policiais durante o enterro.
Foto: Fernanda Luz/Estadão / Estadão

Quem passou pelo menos dez minutos em algum local da internet viu ao menos uma notícia envolvendo violência policial durante essa semana. Teve agressão a uma senhora de 63 anos, teve jovem alvo de 11 tiros morto por causa quatro pacotes de sabão, teve policial militar arremessando um homem de cima de uma ponte, teve um outro que matou um mototaxista após se negar a pagar 7 reais por uma corrida e teve sargento aposentado dando tiro em crianças que tentaram alertar sobre os faróis do carro ligados. Todos esses crimes, esses que só ganham mídia por serem filmados, já imaginou o tanto de coisa que acontece e que ninguém fica sabendo? 

O nome “Polícia Militar” é mais recente, mas a instituição que origina o que hoje é a PM vem desde a época da monarquia. Tinha como intuito defender a coroa portuguesa da população brasileira, porque a função dos militares é exatamente proteger um país do outro, e nesse caso, essa instituição nasce com a lógica de ser contra o povo brasileiro em prol dos colonizadores. Com passar dos anos e com fim na monarquia ela começa a ter uma função de perseguir os negros atuando fortemente no cumprimento da lei de 1893 que visava punir não só capoeiras e “vadios” maiores de 21 anos, mas qualquer indivíduo pertencente a “classes perigosas”.

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Não há dificuldade para perceber que pouca coisa mudou ao longo desses anos. Por isso que, por vezes, me incomoda um pouco as pessoas que se surpreendem e pensam que a militarização da polícia tem algum outro  intuito senão coagir a população. E com isso não estou dizendo que o Brasil é bambuluá e que não precise de um projeto preciso sobre segurança pública, mas é notório que não é prioridade de parte dos membros dessa instituição o respeito para com o grosso da população brasileira. É como se nós não fizessemos parte do que eles precisam de proteção, muito pelo contrário, é como se o povo fosse a quem eles devessem combater.

Essa construção passa totalmente pela questão de raça e classe, que no Brasil, infelizmente, são quase a mesma coisa. Não faz sentido uma pessoa ser morta por sete reais, não é admissível um jovem ser alvejado pelas costas por causa de 4 pacotes de sabão, uma instituição que respeita a população não joga um indivíduo de cima de uma ponte. E sim, mesmo infratores fazem parte da população e tem que passar pelo processo judicial para ser punido. Agora eu te pergunto onde estavam esses mesmos policiais que não pegam os "boys" nas porches? Que não joga criminoso de colarinho branco de sacada? Onde estavam esses justiceiros quando Brasília foi invadida em uma tentativa notória de golpe?

Com toda certeza tem gente boa na Polícia Militar, mas eu acredito que a lógica da instituição não colabora com essas pessoas. Penso também que os policiais deveriam ser melhor capacitados, ter acesso a terapia constante e, assim como todo trabalhador, salários dignos. E quando digo isso não é pensando no alto escalão não, e sim nos praças pois são esses que fazem parte do povo, são esses que morrem em confrontos e são esses que, em sua maioria também são pobres e negros. Quer dizer, no frigir dos ovos é mais uma parcela da população que precisa com urgência de consciência de classe.

Apesar de todo entendimento, não dá para mitigar os danos que a polícia militar vem causando na população. Câmeras nos uniformes, julgamento fora da justiça militar, penas mais contundentes são algumas das maneiras de começar a conter os desmandos da PM. Enquanto a Polícia Militar estiver mais preocupada em combater a população do que fazer a segurança dela, crimes como os citados acima seguirão acontecendo.

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Fonte: Redação Nós
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