Algumas memórias do movimento social transmasculine no Brasil

O movimento transmasculine organizado se consolidou por aqui ao fim da década de 2000

1 ago 2023 - 05h00
(atualizado em 26/10/2023 às 17h18)
O ativismo transmasculine no Brasil se fortaleceu durante a década de 2010
O ativismo transmasculine no Brasil se fortaleceu durante a década de 2010
Foto: iStock

Se você quer saber mais sobre o movimento transmasculine no Brasil, está no lugar certo. Todos os nomes importantes para essa luta não cabem aqui, mas alguns merecem destaque. Um marco dessa projeção é Alexandre Peixe, ativista aguerrido e o primeiro homem trans a presidir a Associação da Parada do Orgulho Gay de SP. Outro é João W. Nery, ativista e escritor cujo primeiro livro, "Viagem Solitária", foi publicado em 2011.

O ativismo transmasculine no Brasil se fortaleceu ainda mais durante a década de 2010. Ainda em 2011, durante o XVIII Encontro Nacional de Travestis e Transexuais na Luta contra a Aids, aconteceu uma oficina ministrada por Leo Tenório e Régis Vascon em que, pela primeira vez, o movimento de travestis/mulheres trans se debruçou sobre o tema das transmasculinidades.

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Transmasculines estiveram presentes na I e II Conferência Nacional LGBT, em 2008 e 2011, em Brasília. Da II Conferência, transmasculinos organizaram a Associação Brasileira de Homens Trans (ABHT), primeira associação transmasculina do país, nascida em 2012 e presidida por Leonardo Tenório. A ABHT organizou o I Encontro Nordeste de Homens Trans (2013) em João Pessoa, lutou por visibilidade e direitos à saúde junto ao Ministério da Saúde, Conselho Federal de Medicina e Conselho Federal de Psicologia, demandou a criação do projeto de lei de identidade de gênero João W. Nery (PLC 5.002/2013) e também participou da campanha internacional Stop Trans Pathologization.

Em 2013, foi fundado o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT) que, na gestão de LuckPalhano, organizou o I Encontro Nacional de Homens Trans (ENATH) em São Paulo (2015). Em função da data de realização do I ENATH, 20 de fevereiro tornou-se o Dia Nacional de Luta e Resistência de Homens Trans e Pessoas Transmasculinas no Brasil.

Sob a coordenação de Lan Matos, o IBRAT esteve em reunião com a então presidenta Dilma Rousseff para a assinatura do Decreto 8727/2016 sobre nome social. Em 2018, o IBRAT e o Núcleo de Homens Trans da Rede Trans Brasil construíram, juntos com o Ministério da Saúde, a cartilha "Homens Trans: Vamos falar de Infecções Sexualmente Transmissíveis?".

Em 2022, na gestão de Dan Kaio Lemos, foi realizado o II ENAT, com uma programação internacional. Publicou-se o mapeamento "A dor e a delícia das transmasculinidades no Brasil: das invisibilidades às demandas", realizado em parceria com a Revista Estudos Transviades e com o Instituto Raça & Igualdade. Esse mapeamento é o primeiro, em âmbito nacional, sobre transmasculinidades. Foi então que o Observatório Anderson Herzer de Violências Contra as Transmasculinidades foi criado.

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Atualmente, o IBRAT participa do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ministério de Direitos Humanos e Grupo de Trabalho do Processo Transexualizador do Ministério da Saúde, além de seguir com pesquisas, atendimento a empresas e escolas e outras atividades.

Há diversos coletivos transmasculinos no Brasil atuando pela garantia de dignidade de nossa população, como Homens Trans em Ação (RS); Atrevidos (RN); AHTM (PE); MOVITH (PE); Núcleo de Transmasculinidades da Família Stronger; Associação Transmasculina do Amazonas; Liga Transmasculina João W. Nery; Coletivo de Artistas Transmasculines (CATS) entre outros.

Todos esses coletivos compõem o ativismo transmasculine brasileiro, de grupos artísticos a projetos editoriais; de frentes de luta para o acesso à saúde até times esportivos. São expressões de nossa coletividade, pela celebração de nossas individualidades. Pela alegria de sermos tantos e estarmos juntos, perseveremos.

Fonte: Redação Nós
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