Quando o assunto é desigualdades sociais candidatos nadam no raso

18 set 2022 - 19h32
(atualizado às 19h36)
Candidatos ao governo de São Paulo durante debate nos estúdios do SBT
Candidatos ao governo de São Paulo durante debate nos estúdios do SBT
Foto: Isaac Fontana/CJPress / Estadão

Em tempos de cancelamento institucionalizado tivemos no debate de ontem candidatos tateando para saber o que poderia ou não agradar aos ouvidos do eleitorado. Entre ataques desnecessários e evasão no momento de responder perguntas mais elaboradas, pouco restou de elementos concretos passíveis de conquistar o voto daqueles que realmente esperam por boas e coerentes propostas para as demandas urgentes do Estado de São Paulo.

O candidato que atualmente ocupa o governo estadual, Rodrigo Garcia, se contradiz ao usar o argumento de que está apenas há cinco meses como governador enquanto afirma estar há vinte sete anos trabalhando pelo Estado e, não tem um plano de atuação consistente para a segurança pública.

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As discussões sobre genocídio, feminicídio, entre outras que permeiam o debate sobre segurança pública no estado de São Paulo estão acontecendo nas instituições e na sociedade civil, oferecendo caminhos importantes o bastante para serem considerados, mesmo que em apenas cinco meses de gestão.

As respostas para essas demandas foram preocupantes, uma vez que não saem do âmbito do punitivismo conservador, pouco produtivo e que nada tem a ver com combate à impunidade que é fundamental e desejável. Isso mostra que não ouvir a população e os pesquisadores da sociedade civil ainda é um entrave no modo nacional de fazer política.

Já o candidato Tarcísio de Freitas não consegue se distanciar dos equívocos cometidos pelo presidente Bolsonaro, seu padrinho político. Ao contrário, ele oferece em seu discurso um indisfarçável reforço dos erros perigosos que o governo federal comete. Assim como não há plano de governo que indique que o candidato está a par das demandas do Estado, não há consciência crítica que indique que ele fará a ruptura necessária com as ideologias antidemocráticas do atual presidente.

Quanto a questão da violência contra a mulher, tanto o candidato Tarcísio de Freitas quanto o candidato Rodrigo Garcia insistem em medidas paternalistas e em novos arranjos e disfarces para manter as mulheres em condições de subalternidade.

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Ambos falam em fortalecer o empreendedorismo como se isso resolvesse a complicada estrutura social que fomenta o machismo e a violência de gênero que é consequência dele.

Ações para a inclusão de mulheres em espaços de poder e decisão, o que realmente é decisivo para começar a reverter esse quadro, sequer são esboçadas na fala dos candidatos.

Tratar a categoria mulher de forma universalista, ignorando completamente as interseções que vem sendo debatidas nos últimos anos, parece um sonho bem distante da realidade dos candidatos.

Ninguém ousa passar pela questão racial, todos os candidatos evitam abordar o tema. Mesmo o candidato Fernando Haddad que fala em “base da pirâmide” evita especificar que é justamente nesse lugar social que negritude e indígenas estão localizados. Infelizmente falar especificamente sobre raça e etnia é vital para quem fala em base da pirâmide, afinal, as desigualdades tem raça, classe e gênero. O candidato Tarcísio de Freitas citou a necessidade de mais ações afirmativas, mas não falou sobre as constantes demonstrações de racismo da parte de seu padrinho eleitoral e de todos os apoiadores. Ou seja, do ponto de vista da diversidade e das opressões que estruturam as desigualdades sociais, quase nada será levado em conta no próximo governo.

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O debate circulou entre esses três candidatos, já que Elvis Cesar e Vinicius Poit parecem estar tão distante da realidade atual do país e de São Paulo que fica difícil mensurar suas atuações. Poit convida os eleitores a buscarem suas propostas no Google ignorando completamente que a parcela mais atingida pelas desigualdades sociais também está excluída da vida virtual. Elvis Cesar por sua vez poderia ter usado sua gestão em Carapicuíba de maneira mais estratégica, trazendo levantamentos e ações que realmente deram certo e poderiam ser aplicados caso venha a ser eleito.

De modo geral falta empenho na apresentação de suas respectivas propostas, mas o que fica óbvio é que as opressões que estruturam as desigualdades sociais não são uma preocupação real e amadurecida de nenhuma das candidaturas.

Veja vídeos:

1º bloco do debate para o governo de São Paulo
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2º bloco do debate para o governo de São Paulo
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3º bloco do debate para o governo de São Paulo
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4º bloco do debate para o governo de São Paulo
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Fonte: Joice Berth
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