Thiago Menezes, de apenas 13 anos, foi assassinado durante ação da polícia militar do Rio de Janeiro. Segundo o tio da vítima, Hamilton Bezerra Flausino, ele estava andando de moto na carona de um amigo quando foi atingido na perna e caiu da garupa. Após sua queda, o garoto recebeu outro tiro no peito. O tio ainda fala que o tiroteio relatado pelos policiais foi forjado e que houve alteração das imagens feitas pela câmera de uma borracharia que teria captado a execução.
Foi terrível acompanhar o caso e ver as imagens da mãe do menino desolada aos prantos. Uma mãe ter que enterrar o próprio filho vai contra a lei natural e, sem dúvidas, é uma das dores mais cruéis que existem. Se isso não fosse o bastante, essa mãe enlutada tem que tirar forças de onde não tem para limpar a imagem do seu filho. Imagem essa que está sendo manchada por fake news bem elaboradas e orquestradas, que têm como intuito mitigar a gravidade do assunto e fazer com que os assassinos não sejam cobrados pela lei e pela opinião pública.
Os familiares falam do menino com muito orgulho. Dizem que era um garoto que não faltava ao colégio, que treinava futebol diariamente e frequentava a igreja. A escola onde ele estudava fez uma publicação para homenagear Thiago, onde se referia a ele como um estudante alegre, doce, sorridente, carinhoso e cercado de amigos. Fotos do seu velório também vieram a público e, em algumas delas, podemos ver várias crianças aos prantos, tristes por perder o amigo. Foram diversas homenagens para Thiago.
Não podemos tratar com normalidade situações como essa. Não dá para aceitar a forma com que os agentes do Estado estão agindo. Se já não fosse o bastante arrancar uma criança da sua mãe e da sua família por um “erro” que, na maioria das vezes, só ocorre com corpos negros, ainda temos que ver a difamação de um garoto porque o governo não tem capacidade de admitir suas atrocidades e a falta de preparo dos seus policiais.
Thiago, de 13 anos, entra para uma triste lista da polícia do Rio que tem crianças como Agatha Félix, de 8 anos, Kauê Ribeiro dos Santos, de 12 anos, Kauan Rosário, de 11 anos e João Pedro de 14. Sabe o que todas essas crianças têm em comum? A cor da pele. Quantas crianças brancas vocês conhecem que são mortas pela polícia? Deve ter, sem dúvida, mas quantas você sabe? Quantas você viu sendo noticiadas em matérias de jornais nos últimos anos? Quantas mães loiras a gente viu tomando chá de cadeira no Instituto Médico Legal para liberar o corpo do filho após ser morto pela polícia?
No fim de tudo, o que resta é uma família que só quer enterrar sua criança sem rótulo de criminosa. Uma família que durante as entrevistas parece estar com medo de ser mais incisiva ao falar do crime, com receio de algum tipo de retaliação. O mesmo tipo de retaliação que as manifestações que os moradores da Cidade de Deus fizerem. Houve relatos de policiais atirando com balas de borracha, o que foi, inclusive, foi mostrado em transmissão ao vivo numa rede social. A verdade é que as famílias negras não estão tendo direito à reputação, à indignação e nem ao luto.