Pode parecer inusitado, mas o texto de hoje eu irei defender a atitude da Jojo, que no mês passado, eu estava criticando. Isso é até interessante para entendermos que existem pessoas equivocadas, mas que nem sempre seus equívocos são carta branca para criticar tudo que esse indivíduo faz.
Eu não preciso lembrar que Jojo é uma pessoa com vários atravessamento. Uma mulher negra, periférica, gorda e que ganhou mídia através do funk. Nenhuma dessas características mitiga todos os últimos equívocos dela como apoiar Bolsonaro, fingir que não fez pink money, entre outras coisas, jamais abriria brecha para alguns comportamentos dela pela cor da sua pele.
Contudo não dá para ignorar de bom grado alguns comentários que vem sendo voltado para ela, principalmente por pessoas progressistas. Nesta quarta-feira (24), Jojo Todynho viajou para Angola e participou de uma audiência com o intuito dar prosseguimento em um processo de adoção de um garoto que ela conheceu em uma das suas viagens a Luanda.
Vários comentários feitos nas redes sociais são insinuações de que ela está fazendo isso para limpar sua imagem, depois das últimas polêmicas envolvendo seu nome. Polêmicas essas que, aparentemente, fez a Jojo perder inclusive contratos publicitários. Existem vários tipos de insinuações nesse sentido e, não dá para achar tranquilo um ataque dessa magnitude, até porque existe uma criança envolvida nisso tudo.
Eu fico pensando o tamanho da crueldade que precisa se ter para expor essas bravatas dessa forma. Uma criança que está sendo adotada, que muito provavelmente tem sentimento de preterimento, que está em êxtase por ter um lar, saber que existem algumas milhares de pessoas afirmando que sua adoção nada mais é do que um espetáculo de branding para reformular a marca Jojo Todynho.
Não cabe esse falso proselitismo que criança não tem que tá em rede social, que determinada rede é 18+ porque a gente sabe que chega. Chegará no comentário no colégio, na brincadeira no condomínio ou até mesmo por uma fala da Jojo durante uma possível revolta com as alegações. As pessoas hoje pegam ranço de artista e acha que é plausível toda forma de ataque para atingir e ferir.
Li outros comentários, ainda que em menor número, sobre adotar sem ter marido, questionar o motivo ela foi buscar uma criança no continente africano sendo que no Brasil tá cheio de crianças para serem adotadas, e até questionamentos sobre a capacidade dela de poder ser mãe. Isso tem uma capacidade gigantesca de me deixar chateado. Essas pessoas falam como se adoção fosse algo trivial, que não envolvesse afeto, identificação, conexão. Essas também esquecem que meninos negros, acima dos 7 anos são os menos procurados para adoção. Talvez essas pessoas não se esqueçam de nada, só estão raivosas e não medem esforços para os ataques, ainda que isso fira vários inocentes pelo caminho.
Adoção é um ato de amor, que envolve muito mais do que assinar um papel. Onde existe criança o cuidado com que é dito deveria ser um pouco maior. Existem várias maneiras de criticar a Jojo, mas nenhuma delas deveria ser sobre o ato genuíno de amor que é adotar uma criança. Eu espero que dentre tantos erros, a maternidade seja um acerto sóbrio e que esse menino encontre nela um afeto e uma segurança que vai além de contradições políticas e ideológicas, porque por mais que eu não concorde com nada que ela tem feito, nem de longe quero que essa criança pague por isso, muito pelo contrário, estarei na torcida para que mais uma família negra seja feliz e que essas falas terríveis nunca cheguem aos ouvido do garoto Francisco.