A atriz Drew Barrymore foi de uma sinceridade comovente, dias atrás, ao declarar que há 6 anos não tem relações sexuais. Com quase 48 anos, Drew é mãe de duas meninas (Olive, 10 anos, e Frankie, 8 anos) fruto do casamento com o ator Will Kopelman, o terceiro da atriz. A relação com o pai das filhas terminou em 2016, depois de 4 anos juntos. Nas palavras da atriz, foi um divórcio doloroso que a obrigou a repensar os rumos de sua vida, agora numa nova condição: a de mãe solteira.
No relato em seu blog pessoal, Drew, que aos 7 anos encantou o mundo como Gertie em "ET"(1982), explica que está longe de odiar sexo, como alguns poderiam supor. Para ela, sexo é uma consequência de um envolvimento afetivo e, desde a separação, a atriz, empresária e apresentadora de talk show não tem sido capaz de se relacionar intimamente com ninguém. Aliás, isso nem está entre suas prioridades no momento. Talvez no futuro, quem sabe. Em bom português, Drew está "escaldada", cheia de cuidados para não se machucar novamente. Sua principal preocupação agora é criar as filhas para serem mulheres felizes e empoderadas num mundo cada vez mais distópico.
Quantas mulheres se reconhecem na história de Drew? Não importa o grau de sucesso, a quantidade de dinheiro que se tenha, a vida mais ou menos glamourosa que se leva, alguns eventos colocam as mulheres lado a lado porque parecem ser universais. Boa parte das mulheres passam por situação semelhante a da atriz, olhando para si próprias, depois do fim de um relacionamento, percebendo que o sexo, ou a frequência dele, já não precisa ser como antigamente nessa fase da vida.
Neste período, pode haver uma queda na libido, consequência de mudanças hormonais que ocorrem no corpo feminino na fase do climatério e da menopausa. Geralmente, a menopausa chega por volta dos 50 anos. Pode-se dizer que mulheres estão na menopausa quando completam um ano inteiro sem menstruar. Com as flutuações de estrogênio, vêm as ondas de calor, os suores noturnos, as mudanças no humor, na qualidade do sono, na memória, sintomas que vão acometer a maioria das mulheres.
Ainda bem que tudo isso, mesmo que demore anos, um dia passa. Só permanece um sintoma que pode interferir diretamente no prazer feminino, mas que, assim como outros sintomas, também pode ser tratado. Com a menopausa, a vagina fica mais ressecada, causando dor no ato sexual e afetando o desejo. Mas será que as mudanças físicas são as únicas responsáveis pelas mulheres terem uma vida sexual menos ativa após os 50?
E aí vem o mais surpreendente quando procuramos mais informação sobre o assunto, através de pesquisas científicas que identificam as causas de mulheres, com relacionamentos heterossexuais, não terem mais uma vida sexualmente satisfatória. Os sintomas da menopausa podem ser uma das causas, mas não são as únicas. Os parceiros cumprem papel importante em boa parte dos casos, sobretudo devido a problemas físicos.
Diabetes, depressão, ansiedade, alcoolismo, câncer de próstata, efeitos colaterais de remédios e outros quadros, prejudicam ou afetam a qualidade da ereção — embora esses assuntos sejam pouco mencionados com todas as letras. Na outra ponta, está a ausência de parceiros, seja pelo divórcio, como no caso de Drew Barrymore, quanto pela morte. Sim, a vida tem dessas surpresas e elas chegam para bagunçar planos e impor mudanças.
De qualquer maneira, a ideia que se tem de que a libido dos homens é inesgotável enquanto a de mulheres tem prazo de validade é uma inverdade e precisa ser revista urgentemente. Não é assim que acontece na prática. Além do mais, esse pensamento só reforça preconceitos de que as mulheres quando chegam na menopausa estão acabadas, impedidas de ter prazer. Muito pelo contrário. A menopausa é só mais uma fase na nossa timeline, como tantas outras.
A vida sexual de cada pessoa pode ser bem mais complexa do que gostaríamos que fosse. Mas, para buscar alternativas que garantam a felicidade de mulheres e homens, é preciso um pouco de sinceridade, antes de tudo. Exatamente como fez Drew Barrymore em seu relato.