Supermodelos: envelhecer bem não é estar como na juventude

Nova série da Apple TV+ relembra a história das supermodelos que definiram uma era da indústria da moda

30 set 2023 - 05h00
(atualizado em 26/10/2023 às 09h07)
Linda Evangelista, Cindy Crawford, Naomi Campbell e Christy Turlington em “As Supermodelos”, que conta como quatro adolescentes se tornaram estrelas mundiais
Linda Evangelista, Cindy Crawford, Naomi Campbell e Christy Turlington em “As Supermodelos”, que conta como quatro adolescentes se tornaram estrelas mundiais
Foto: Divulgação/Apple TV+

Christy era a beleza clássica. Naomi, a deusa feroz. Linda, a camaleoa. Cindy, a típica garota estadunidense. Com essas palavras, as supermodelos Christy Turlington, Naomi Campbell, Linda Evangelista e Cindy Crawford se definem na abertura da celebrada série "The Supermodels" (Apple TV+). Dividida em 4 episódios, a produção explora como quatro adolescentes se tornaram estrelas mundiais, inaugurando uma nova categoria na indústria da moda: a das supermodelos. 

Anteriormente, outras modelos tinham marcado época como Twiggy, Beverly Johnson e Jerry Hall. No entanto, modelo não era uma profissão da qual mulheres desfrutavam de uma fama planetária. Se estivessem nas páginas de uma revista brasileira, francesa ou num outdoor em Hong Kong, muita gente saberia chamá-las pelo nome. O que mudou, a partir do fenômeno das supermodelos, é que as grandes estrelas da moda já não eram somente os designers. Era também quem emprestava sua imagem às grifes. 

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A nova série traça a trajetória da fama, quando as modelos se tornam a "representação física de poder", nas palavras de Crawford, com cacife para exigir suítes de luxo em hotéis 5 estrelas e voos no Concorde, o supersônico aposentado em 2003. Dessa fase, veio a célebre frase dita por Linda Evangelista de que ela não se levantava da cama por menos de U$10 mil dólares ao dia. Hoje, a canadense se arrepende do que foi dito. Mas sua declaração reforçou o quanto as supermodelos tinham assumido status de divas da moda. 

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Toda essa epopeia, como narra a série da Apple TV+, começa com uma capa na Vogue inglesa, em que Cindy, Naomi, Christy, Linda se juntam a Tatjana Patitz, modelo alemã que morreu este ano depois de lutar contra um câncer de mama. Depois da capa, veio "Freedom", o videoclipe da canção de George Michael, em que as 4 modelos dublam a voz do cantor. Hit absoluto. Surfando na onda, o estilista Gianni Versace, em março de 1991, decide então colocá-las lado a lado na passarela, tendo como trilha a música de Michael. Pronto! Ali, naquela imagem das quatro modelos entrando sorridentes na passarela, estava a síntese do real significado de supermodelo. Tinham fama, beleza e muito dinheiro na conta bancária. 

Se nenhuma delas imaginou no começo da carreira que seria alçada à celebridade mundial, o que dizer então do lugar onde estariam após os 50 anos? Quase três décadas depois, as supermodelos ainda conseguem manter alguma relevância? De uma certa maneira, sim. Sempre serão lembradas pelo pioneirismo e pela enorme influência que exerceram na moda. Hoje, talvez, não conseguissem o mesmo feito. Com exceção daquelas que carregam sobrenomes e que nasceram num mundo de privilégios, como Kendall Jenner, Gigi e Bella Hadid, o interesse pelas modelos já não é mais o mesmo. As marcas privilegiam quem tem mais seguidores numa rede social, sobrando pouco espaço para modelos que foram descoberta por algum olheiro, caso de Cindy, Christy e Naomi.  

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Aos 53 anos, Naomi ainda é contratada para campanhas e desfiles. Há poucos dias, encerrou o desfile da dupla Dolce & Gabbana, em Milão, sendo ovacionada pela plateia enquanto se movia com a sua clássica andada. Mas é nas cenas de bastidores, exibidas pela série, quando vemos Naomi reclamando dos calores da menopausa, que temos uma mulher mais próxima do real. 

Cindy e Christy foram em busca de uma vida além da carreira de modelo. Christy, a única que, aos 54 anos, parece não brigar com as rugas ou os fios grisalhos, diz inclusive que um de seus  momentos mais felizes foi quando voltou aos estudos e frequentou uma universidade, após desistir de ser modelo. Cindy, 57 anos, é mãe de Kaia, também modelo e atriz. Mas Cindy é também uma mulher de negócios, com uma linha de cosméticos e artigos dedicados à casa. 

A nota triste fica com a história de Linda Evangelista. A busca incessante pela beleza acabou fazendo dela mais uma vítima. Após um desses procedimentos estéticos vendidos como milagrosos para reduzir gordura corporal, Linda Evangelista ficou com o corpo deformado, com calombos em pernas e braços. Na série, a ex-modelo se emociona ao falar de seu drama diante das câmeras, dizendo que só queria gostar de sua imagem no espelho. 

É um alerta para todas as mulheres que se sentem obrigadas a buscar padrões de beleza inatingíveis e um lembrete de que envelhecer bem não tem a ver com a busca do que éramos na juventude. 

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Fonte: Redação Nós
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