A presença de Ivan Baron, não só na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas em um momento significativo da cerimônia, com protagonismo e relevância dá, para nós, pessoas com deficiência, uma esperança de que novos tempos se iniciam.
Diferente dos últimos anos, a faixa presidencial não foi entregue ao atual presidente pelo seu antecessor e sim, pela primeira vez, desde a redemocratização, pelas mãos de representantes diversos da nossa população. Pedagogo e influenciador, Ivan, que é uma pessoa com deficiência, foi um dos oito indivíduos escolhidos para tal ato. Talvez vocês não façam ideia do quão relevante e importante foi ter a presença dele ali naquele momento, com aquela função. Desde que o mundo é mundo, principalmente no ocidente, nós somos segregados, não considerados, não pertencemos e não participamos da vida em sociedade assim como vocês pessoas sem deficiência. Nossas reivindicações ainda são por questões básicas se compararmos com outros grupos minorizados porque estamos presentes nas intersecções (somos mulheres, homens, pretos, brancos, não binários, LGBTQIAP+, etc), logo, quase nunca estamos nos discursos, nas ações e muito menos em corpo presente de forma tão evidente como foi no último domingo.
A presença de Ivan Baron não foi o único ato do presidente Lula, que nos considerou e incluiu de forma genuína e verdadeira já no início de seu terceiro mandato. Junto a um pacote de normas e revogações que foram assinadas, estava o Decreto 10.502/2020, que instituiu a política de educação especial e que foi muito questionada, desde então, pela população com deficiência pois representava um retrocesso no aprendizado e em diversos direitos antes alcançados. Ciente da segregação e atraso que esse decreto traria, ele já foi editado e será publicado em breve, assim como vários outros que também foram alterados.
A não escolha também é uma escolha e quando nós PcDs somos escolhidos e estamos presentes, já de cara, em uma série de medidas que são consideradas prioritárias, demonstra o compromisso que o governo pretende ter com a pauta e, mais do que isso, chama a sociedade civil para fazer também a sua parte. Precisamos celebrar e reconhecer avanços, sem deixar de cobrar para que cada vez mais ocupemos esses espaços e para alcançarmos o lugar que queremos.