Se já é difícil encontrarmos adultos com deficiência ocupando os diversos ambientes e espaços em nossa sociedade, mesmo hoje em dia em que não deixamos de frequentar esses lugares, ainda que nossos corpos e necessidades não sejam considerados e nem pensados, imagina com nossas crianças.
Perto da sua casa, tem alguma praça com brinquedos que uma criança com deficiência física consiga brincar? Piso tátil fazendo o caminho até os brinquedos? O shopping que você frequenta tem algum espaço que contemple a diversidade e a necessidade comunicacional e/ou física das crianças com deficiência? Caso tenha filhos, a escola em que ele estuda, seja pública ou particular, tem alguma política de acolhimento de nossas crianças com deficiência? E o espaço físico, contempla as necessidades arquitetônicas necessárias? Você deixa seu filho se aproximar de crianças com deficiência quando as encontra ou fica constrangida (o) e puxa ele para que não se aproxime? O que você faz quando vê uma criança com deficiência na rua? Aponta? Sente pena? Vira a cara? Fala com acompanhante delas e não se dirige a elas?
A maior parte dessas respostas serve como indicativo dos muitos porquês não encontrarmos nossas crianças ocupando determinados espaços e, mais do que isso, vivendo a infância em sua plenitude e com todos os direitos que todas as crianças deveriam ter.
Eu poderia nessa coluna listar todas as leis que nos protegem, todos os institutos e citar todos os nossos direitos. Poderia também trazer diversos dados e informações que comprovem tudo o que falei/perguntei acima. Mas, hoje, quero salientar a precisão de termos a intenção de trazer para a roda nossas crianças.
Não se incomodar, minimamente, com a ausência de crianças em todos esses ambientes antes mencionados é muito sintomático e, certamente, continuará levando a consequências muito tristes e sem mudanças significativas do que já temos hoje em dia com nossos adultos com deficiência.
Todos nós temos o poder de mudar um pouco essa realidade. Nossa sociedade é formada por diversos indivíduos e esses indivíduos somos nós, logo, cabe a nós ter a intenção de mudar essa realidade. Seja com uma virada de pensamento, um questionamento, uma decisão que contemple crianças diversas, cada um sabe aquilo que lhe cabe e que está ao seu alcance.
Para terminar, deixo o seguinte questionamento: Será que nossas crianças com deficiência não estão nos lugares por que não são acessíveis ou será que os lugares não são acessíveis por que não temos crianças com deficiência?