Ao longo dos últimos anos, surgiram muitas premiações voltadas para enaltecer as personalidades negras das mais diversas áreas. É super importante que haja iniciativas como estas para trazer visibilidade e reforçar o valor do nosso trabalho. Mas, onde ficam as pessoas com deficiência na pauta da negritude?
Infelizmente, o que vemos é um apagamento e invisibilização dos nossos corpos dentro dessas comunidades. A gente percebe que há um apagamento, principalmente, de mulheres com deficiência. Mais ainda: dentro da negritude não se fala em mulheres PCD’s. Muitas de nós estamos trabalhando no setor cultural e sequer somos notadas, convidadas ou mesmo indicadas. Por quê?
São muitos os pontos que merecem ser discutidos dentro dessa pauta e que nos convida à reflexão. Vocês já se perguntaram quanto custa uma publicidade de uma pessoa branca com deficiência? Quantos de nós aqui já vimos PCD’s negras em publicidades de grandes marcas? Percebem que é uma problemática que exige de nós, não somente a reflexão, mas a cobrança para que esse cenário mude?
Nós já somos excluídos por grande parte da sociedade simplesmente por ter deficiência, acham que somos incapazes de exercer qualquer profissão em qualquer área, mas já provamos o contrário e estamos cada vez mais conquistando nosso espaço no mercado de trabalho. E é ainda pior quando somos negros e favelados, pois são várias as portas e as oportunidades que se fecham na nossa cara.
Já passou da hora de nos inserirem, enquanto pessoas com deficiência, na pauta da negritude e nos colocarem num lugar que é nosso por direito. Nesses espaços também precisam ser discutidos problemas como racismo e capacitismo. Ninguém pode falar por nós a não ser nós mesmos.
Vale a reflexão e vale também pesquisar pelos trabalhos de pessoas pretas com deficiência que estão em diversos setores. O que não pode é continuarmos invisíveis dentro da nossa própria comunidade.