Acabou - ou acabaram com - a era de ouro do basquete feminino?

Podcast do Papo de Mina debate decadência do esporte e falta de apoio para modalidade

7 mar 2022 - 16h10
(atualizado em 25/3/2022 às 14h35)

Ouro no Mundial de 1994, medalha de prata na Olimpíada de Atlanta em 1996 e bronze na Olimpíada de Sydney, em 2000. As conquistas do basquete feminino brasileiro, de uma geração marcada por Hortência, Magic Paula e Janeth, mas também Ruth, Leila, Alessandra, Helen, Adrianinha e tantos outros nomes, tinha tudo para alavancar a modalidade no país.

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Mas hoje, quase três décadas depois, o cenário é bem diferente do esperado. Sem vaga para o Mundial pela segunda vez consecutiva e longe de grandes resultados, a equipe brasileira está longe dos holofotes.

Para entender os motivos que levaram a isso e por que falta tanto apoio para o basquete feminino no Brasil - assim como outros esportes olímpicos -  o Papo de Mina estreia uma série de podcast, o Minas Olímpicas.

Geração atual ficou fora da Olimpíada de Tóquio e não classificou para Mundiais de 2018 e de 2022
Geração atual ficou fora da Olimpíada de Tóquio e não classificou para Mundiais de 2018 e de 2022
Foto: CBB/Divulgação

Roberta Rodrigues, jornalista que trabalha na comunicação do Seattle Storm, equipe da WNBA, afirma que o problema está na má gestão da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), uma vez que as atletas têm atuado fora do país em “altíssimos patamares”, segundo sua avaliação.

"A gente passou por um período conturbado de CBB, com uma gestão corrupta, uma gestão machista, e a gente mudou a gestão e continuamos sem ter resultados, ou até mesmo piorando os nossos resultados. Alguma coisa de errado está sendo feito”, destaca.

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Num reforço de sua tese, Roberta aponta as diferenças entre o Novo Basquete Brasil (NBB), liga nacional masculina, que teve uma ascensão meteórica, e a Liga de Basquete Feminino (LBF), criada em 2010 - e na qual recebeu convite para trabalhar.

“No NBB tinha a mentalidade do basquete como mercado e produto. Já na LBF, a pessoa que fez a minha entrevista disse que achava muito legal, num comercial que deveria ser feito com a liga, colocar as jogadoras em salto alto para demonstrar uma certa sensualidade e vender o produto do basquete”, relata.

Apesar de se falar dos problemas atuais, Leila Sobral garante que a falta de apoio vem desde a sua época, e que vencer o Mundial em 94 ou conquistar a prata em Atlanta, em 96, de nada adiantou.

Ouro no Mundial de 94 foi maior conquista da seleção feminina
Foto: COB/ Divulgação

“A gente nunca teve apoio. Ganhamos o Mundial, não tivemos apoio. Fomos vice olímpicas, não tivemos apoio, fomos para Copa América, não tivemos apoio”, desabafa.

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Com resiliência como palavra de ordem, ela afirma que sua geração acreditava que as vitórias poderiam ajudar na visibilidade da modalidade, mas hoje segue com o mesmo questionamento: “o que precisa fazer para apoiar o basquete feminino brasileiro?”.

Em Atlanta, 1996, equipe feminina garantiu a prata mesmo sem apoio
Foto: CBB/Divulgação

ERRATA

Diferente do que foi publicado originalmente, Roberta Rodrigues, jornalista que trabalha na comunicação do Seattle Storm, afirmou que a gestão que comandou a CBB anteriormente era corrupta e machista, não a gestão atual.

"A gente passou por um período conturbado de CBB, com uma gestão corrupta, uma gestão machista, e a gente mudou a gestão e continuamos sem ter resultados, ou até mesmo piorando os nossos resultados. Alguma coisa de errado está sendo feito”, destaca.

* matéria atualizada no dia 15/03/2022, às 14h51

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