Ainda há quem diga que ninguém liga para o futebol feminino?

Recorde de público e audiência da Euro Feminina é “tapa na cara” de quem insiste em preconceito e machismo

2 ago 2022 - 05h00

O discurso de “ninguém quer ver futebol feminino” já está ultrapassado. Se a Copa do Mundo de 2019 foi o boom que a modalidade precisava para se concretizar, os eventos que aconteceram de lá para cá comprovam cada vez mais que o público aprendeu a gostar do futebol feminino.

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O mês de julho se encerrou com a maior prova delas. No último domingo (31), o estádio de Wembley, considerado o templo do futebol em Londres, recebeu 87.192 pessoas para a final da Euro Feminina, entre Inglaterra e Alemanha - e foi à loucura com o título inédito das donas da casa, por 2 a 1, na prorrogação.

 Público total de 87.192 pessoas no Wembley foi o maior já visto entre todos os jogos de todas as edições da Euro (feminina e masculina)
Público total de 87.192 pessoas no Wembley foi o maior já visto entre todos os jogos de todas as edições da Euro (feminina e masculina)
Foto: Reprodução/Twitter/UEFA Women's EURO 2022

Um dia antes, no sábado (30), a Colômbia foi palco da final da Copa América, entre as anfitriãs do torneio e a seleção brasileira. Com capacidade menor, em comparação com o estádio inglês, o Brasil levantou o oitavo título da competição sob o olhar de 22 mil torcedores.

Foram mais de 100 mil pessoas que, entre sábado e domingo, saíram de suas casas para assistir às partidas de futebol feminino. Número inimaginável há alguns anos.

Quando ampliamos o alcance para as transmissões de TV, aí é quase impossível segurar a euforia. Foram 17,4 milhões de pessoas assistindo à final europeia, e outras 5,9 milhões pelo streaming da BBC. A audiência fez com que o jogo superasse os shows de celebração do Jubileu de Platina da rainha Elizabeth, tornando-se o programa mais assistido da televisão britânica em 2022.

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São argumentos irrefutáveis. 

Aqui na América Latina tivemos um resultado menos impressionante, mas que com uma pitada de otimismo mostra que estamos no caminho certo. O SBT, canal de TV aberta que tinha o direito de transmissão da Copa América no Brasil, chegou a ter pico de audiência de 6.5 pontos, segundo dados prévios do Kantar Ibope.

Os passos são curtos e lentos. Se para quem assistiu às duas finais de competições era perceptível a imensa diferença técnica entre as seleções europeias e as latinas, também é nítido que ainda precisamos amadurecer como público consumidor do futebol feminino. Isso passa pela qualidade de técnicas e jogadoras, apoio e incentivo aos campeonatos estaduais e de base, mais empresas patrocinadoras, maior cuidado da imprensa com o produto e, por fim, ao público, que aos poucos percebe que sim, há qualidade, há talento, há perfomance e há, acima de tudo, futebol no futebol feminino.

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