Atletas desmerecem luta feminista ao apoiarem Bolsonaro

Ao se manifestarem a favor de Bolsonaro, esportistas esquecem todo ódio destilado contra o gênero feminino pelo atual presidente

29 out 2022 - 05h00

Bolsonaro não respeita as mulheres. Nos quatro anos de governo, durante a atual fase de campanha e mesmo nos tempos de deputado, o atual presidente da República coleciona um longo histórico de comportamentos hostis contra jornalistas, colegas de profissão e toda a sociedade feminina.

Como um canal de acredita na independência e na força feminina, e que preza pela diversidade e respeito a todas as classes, o Papo de Mina faz, nesse momento importante da política nacional, uma análise sobre este recorte dentro do âmbito esportivo:

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Como a ultradireita, representada pelo bolsonarismo, ganhou tanta força entre as atletas mulheres, e de que maneira isso impacta o esporte?

Suspensa por quatro anos por doping, Tandara se candidatou para deputada federal por São Paulo, mas não foi eleita. Em post no Instagram, a jogadora ironizou o fato de ser "cancelada" por apoiar Bolsonaro
Suspensa por quatro anos por doping, Tandara se candidatou para deputada federal por São Paulo, mas não foi eleita. Em post no Instagram, a jogadora ironizou o fato de ser "cancelada" por apoiar Bolsonaro
Foto: Reprodução/Instagram

Nomes como Ana Paula Henkel, Maurren Maggi, Natalia Zilio, Tandara, Débora Rodrigues e Chu, esportistas de diferentes modalidades, fizeram coro de apoio a Jair Bolsonaro com fotos e vídeos nas redes sociais - dentro do direito de livre expressão de todo o brasileiro, é válido destacar.

É impossível, porém, olhar para essas atitudes de mulheres que foram referências para o Brasil e para novas gerações de atletas mulheres - muitas como pioneiras e responsáveis por quebrar tabus - sem lembrar o preconceito, o machismo, a misoginia e o ódio destilado contra o gênero feminino pelo candidato Bolsonaro.

Ao se posicionarem como apoiadoras do candidato da ultradireita, essas atletas se tornam, instantaneamente, coniventes a uma tendência que coloca a mulher como cidadã de segunda classe, e que não se importa com xingamentos e ações agressivas direcionadas a elas.

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Durante um dos debates eleitorais desta campanha, Bolsonaro fez diversas ofensas à jornalista Vera Magalhães, e chegou a sugerir que a apresentadora “dorme pensando nele”, além de dizer que as mulheres devem parar de fazer “vitimismo”.

É vitimismo o fato de uma menina ou mulher ser estuprada a cada 10 minutos no Brasil, segundo dados do relatório “Violência contra mulheres em 2021”?

É “mimimi” três mulheres serem vítimas de feminicídio por dia, de acordo com o 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública?

Saber que a cada dois dias uma travesti ou mulher trans é assassinada no país que é líder do ranking mundial de assassinatos de pessoas trans, segundo dados da ONG Transgender Europe (TGEU), é, novamente, vitimismo? 

E o que dizer do dado de que 26 mulheres sofrem agressão física por hora, como aponta o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022? 

Ao demonstrarem publicamente apoio a Bolsonaro, mulheres, dentro e fora do esporte, compactuam com a violência de gênero. Sendo o esporte uma importante vitrine da sociedade, é necessária a presença de pessoas que lutem e defendam os direitos das mulheres, da população LGBTQIA+ e das minorias, e que vistam a camisa da tolerância e do respeito. 

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