Base forte: Rayssa Leal é o exemplo que as meninas precisam

Skatista de 14 anos é uma das grandes referências para a nova geração de atletas, e estimula a prática esportiva entre mulheres

26 abr 2022 - 12h43

Ao escrever as palavras “esporte” e “menina” no Google, uma das principais perguntas que aparece como sugestão é: “Por que esporte não é coisa de menina”.

Sim, em 2022 ainda há quem use o gênero como rótulo e sinônimo de incapacidade para algo. E este estereótipo, além da carga cultural que carregamos de inferioridade feminina e da falta de referências, afasta muitas meninas do esporte.

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Rayssa foi medalhista de prata nas Olimpíadas de Tóquio (Reprodução/Twitter Rayssa Leal)
Rayssa foi medalhista de prata nas Olimpíadas de Tóquio (Reprodução/Twitter Rayssa Leal)
Foto: Lance!

A pesquisa Diagnóstico Nacional do Esporte, chefiada por Cássia Damiani, em 2015, corrobora essa tese. Segundo o estudo, no recorte de idade entre 6 e 10 anos, quando as crianças estão conhecendo o mundo, o percentual de homens que começa a praticar esportes é de 41,6%. Nesta mesma faixa etária, as mulheres apenas são 29,7%.

Essa discrepância esbarra na falta de incentivo, apontada inclusive por muitas atletas de ponta hoje. Meninos desde cedo ganham bola, vão para escolinhas de futebol, fazem aula de judô, natação e o que mais aparecer. E as meninas? Ganham roupas, bonecas e brinquedos de casinha.

A realidade vem mudando, mas ainda em ritmo lento. Mas algumas figuras têm papel fundamental nesse processo de mudança: as novas atletas. Rayssa Leal é o maior exemplo. Desde o vídeo fazendo manobras com seu skate vestida de fada, quando ainda tinha 7 anos, passando pela medalha de prata no ano passado, em Tóquio, que a tornou a esportista mais nova da história do Brasil, entre homens e mulheres de todas as modalidades, a ir ao pódio, com 13 anos, seis meses e 21 dias, até a conquista do último domingo (24). O ouro na categoria street do X-Games, disputado também no Japão, fez dela a mais jovem medalhista da competição, aos 14 anos.

Garotas de todo o Brasil e do mundo têm em Rayssa um referencial da frase que se tornou quase um grito de liberdade do sexo feminino: “mulher pode ser o que ela quiser”. Inclusive skatista, esporte que carrega não apenas o preconceito do gênero, mas também era marginalizado na sociedade.

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A exposição da categoria e os títulos conquistados abrem portas para que as meninas mais novas, que geralmente ficam afastadas do esporte, se interessem por essa prática. É um passo mais do que fundamental para fortalecer a base, as novas gerações de esportistas.

E é preciso aproveitar esse “boom”, comprovado por números. Segundo matéria da CNN, de agosto de 2021, as vendas de artigos de skate cresceram 57% após os Jogos Olímpicos, e a busca pelo termo “skate” teve um aumento de 600%.

Os exemplos estão aí. Agora é preciso aprender a valorizá-los para que perguntas como “por que esporte não é coisa de menina” sejam substituídas por incentivos e números cada vez maiores de mulheres vencendo no universo esportivo.

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