Contratação de Cuca mancha história do Corinthians

Novo técnico do time masculino do Corinthians carrega condenação por estupro no currículo

20 abr 2023 - 17h52
(atualizado às 18h07)
Cuca, técnico do Palmeiras
Cuca, técnico do Palmeiras
Foto: Divulgação / Estadão

A diretoria do Corinthians comete um enorme erro ao anunciar a contratação de Cuca como técnico do time masculino nesta quinta-feira (20). E aqui não estamos avaliando a questão tática da decisão. É um erro com a história e com os valores do time.

Cuca pode ser excelente à beira do campo, mas carrega consigo um histórico inaceitável de crime sexual - apesar de o treinador sempre dizer que é inocente no caso -, e o Corinthians não pode compactuar com tal situação.

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O “time do povo”, que encabeçou uma campanha chamada #RespeitaAsMina, que recentemente lançou uma nova camisa em homenagem ao movimento da Democracia Corinthiana, que tem avanços e investimentos louváveis no futebol feminino, deveria ter se atentado a essa parte do currículo antes de confirmar Cuca na vaga de Fernando Lázaro.

Nas redes sociais, parte da torcida manifestou descontentamento com a possível decisão, antes mesmo do anúncio oficial - fato que aconteceu também em 2021, quando Cuca foi procurado pelo Atlético-MG.

Há quem defenda que o profissional “não deve ser punido por erros do passado”, ou que ele já pagou pelo “possível erro” (já que ele afirma não ter culpa), ou mesmo que “as pessoas mudam”, mas a verdade é que essa é uma situação que nunca será esquecida pela vítima. 

E não apenas a vítima desse caso, Sandra Pfäffli, na época com 13 anos, mas todas as mulheres que são vítimas de estupro a cada dois minutos no Brasil, segundo dados do

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Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgados em março de 2023.

A contratação de Cuca “passa um pano” para este panorama da sociedade, e recoloca o agressor em condições de se tornar ídolo e ter esse passado esquecido. O jornalista Lucas Faraldo é preciso em sua fala:

Mais do que exemplo para crianças, como uma torcedora corintiana se sente ao comemorar vitória do seu time sabendo que um dos responsáveis pela conquista ficou 30 dias em uma prisão na Suíça por um estupro coletivo? Como as mulheres que fazem parte da comissão técnica do Corinthians podem se sentir representadas por alguém que cometeu violência sexual contra uma menina de 13 anos? Como as jogadoras do time feminino do Corinthians vão se sentir vestindo a mesma camisa de alguém que justificou o abuso dizendo que “tinha a impressão que a menina tinha 18 anos”?

O Corinthians desrespeita todas as mulheres, de dentro e de fora do clube, e rasga seu importante histórico de lutas sociais ao colocar o futebol acima de um assunto tão relevante quanto a violência sexual. Quem perde, claro, somos nós.

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