Copa no Catar será teste de respeito à comunidade LGBTQIA+

Resistência segue dentro e fora das quatro linhas e conta com aliados como Harry Kane, da seleção inglesa, que decidiu ignorar a Fifa

21 nov 2022 - 04h00

A Copa do Mundo 2022 teve início no dia 20 de novembro, e além da pergunta óbvia, de qual seleção será a campeã, um outro questionamento merece atenção: qual será o tratamento dado à comunidade LGBTQIAP+ durante a competição?

O Catar é alvo de muitas críticas - que ganharam ainda mais força com a realização da Copa - em função do histórico de desrespeito aos direitos humanos. 

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Protesto de torcedor durante a Eurocopa de 2021
Protesto de torcedor durante a Eurocopa de 2021
Foto: Reuters/Matthias Hangst

Recentemente, em entrevista a uma emissora da TV alemã, o ex-jogador da seleção do Catar e embaixador da Copa do Mundo Khalid Salman chamou a homossexualidade de "dano mental", e ainda acrescentou que é "haram", um pecado proibido no Islã. Segundo o embaixador, visitantes homossexuais serão tolerados, desde que “aceitem nossas regras".

Entre as regras, o Código 1° do Código Penal do Catar, de 2004, diz que os tribunais podem aplicar a Sharia (sistema jurídico do Islã) para impor pena de morte para homossexuais, segundo a International Lesbian and Gay Association (ILGA).

A declaração de Salma não foi isolada. Outro representante do país, major-general Abdulaziz Abdullah Al Ansari, disse à agência de notícias Associated Press que “não é possível assegurar a segurança de pessoas LGBTQ durante a Copa do Mundo”, e pediu que símbolos da comunidade sejam evitados. 

Neste cenário hostil, vozes da resistência e de aliados se levantam. Inclusive, Harry Kane, atacante do Tottenham e da seleção inglesa, decidiu desafiar a Fifa e vai usar sua tradicional braçadeira de capitão, com as cores da bandeira LGBTQIA+ e a inscrição “One Love” (Um amor), no jogo contra o Irã nesta segunda, às 10h. 

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Braçadeira de capitão que Harry Kane vai usar pela Inglaterra contra a Alemanha pelas oitavas de final da Eurocopa 2021
Foto: Divulgação/FA

O Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+, por exemplo, que reúne torcidas de diversos clubes brasileiros com o objetivo de incluir e combater o preconceito no futebol, a agir. 

Primeiramente, eles questionaram a Fifa a respeito das manifestações, e a entidade máxima do futebol garantiu, em comunicado, que bandeiras com as cores do arco-íris serão permitidas durante a Copa. 

A atitude mais recente é o lançamento de um Guia LGBTQIAP+, voltado justamente para o evento esportivo. A ideia é orientar todos os presentes na Copa sobre como aproveitar o evento “com tranquilidade e segurança”, além de reunir informações sobre a legislação local e passo a passo para denunciar atos de discriminação. O guia pode ser baixado no site: https://www.torcidaslgbt.com.br/.

A expectativa é que nos 29 dias de duração a Copa do Mundo do Catar surpreenda, e seja notícia por grandes jogos, gols incríveis, e por quebra de tabus, como a primeira vez que mulheres estarão presentes na arbitragem da competição. 

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